A notícia de uma estrondosa corrida de touros, que se ia dar na velha
cidade da Galiza, onde nessa época me achava, assanhou o povo como por
encanto, pondo-lhe o ânimo num estado de alegria do qual estava eu bem
longe de o supor capaz. Viria como primeiro Espada e chefe da "cuadrilla"
o guapo Torbellino, dono então por alguns instantes da cruenta alma espanhola,
sem conseguir, está claro, com esse passageiro namoro, distrai-la completamente
da sua sádica paixão por Lagartijo e Frascuello.
À boa nova começou logo a chamar gente de todas as cidades e povoações
vizinhas. Ninguém por ali em volta resistia ao sôfrego desejo de
vir buscar o seu quinhão de sensações violentas, que tão
grata tourada prometia, e gozar o seu bocado de sangue fresco, que havia tanto
tempo já se não gozava por aquelas alturas. Dir-se-ia que os restos
da sacrossanta Espanha de Torquemada e de Filipe II, não se podendo saciar
como dantes, nos bons tempos como o capitoso sangue dos heréticos e dos
ímpios, se contentava agora, em falta de melhor, com o inócuo
sangue de bois e de cavalos, Sempre na esperança, todavia, de qualquer
acaso feliz que viesse enriquecer a festa com o apreciável sangue de
algum toureiro desastrado.
E já não havia meio de conter a sofreguidão pública
pelo prometido rega-bofe, quando chegara afinal o grande dia, deslumbrante ao
vivo sol de Agosto e aclamado ardentemente pelo povo como um dia de glória
nacional. Houve salvas e toques de corneta ao romper d'alva. Das duas da tarde
em diante, as principais ruas da cidade, no meio de uma poeirada de cegar, transformaram-se
em estrepitosas torrentes de carruagens, carroças, ginetes, e peões
de toda espécie, que lá iam, em ansioso alarido, desaguar na praça
de touros..
À entrada do circo, donde vinha um quente rumor de caldeira a ferver,
homens de má catadura, com grandes tabuleiros amparados ao ventre e suspensos
do pescoço por grossa correia do couro cru, ofereciam aos circunstantes,
não refrescos, frutas e flores, mas navalhas e facas de todos os feitios
e tamanhos. Mais adiante, viam-se outros a vender, em vez de doces e confeitos,
chouriços, paios e linguiças, e ouviam-se ainda outros, cercados
de barris e garrafões, apregoar vinho, azeitonas e aguardente. Em volta
dos felizes que entravam para assistir ao espetáculo, rilhava invejosa
a matilha dos que ficavam cá de fora sem poder fazer outro tanto, e um
enxame de mulheres, de laço de cor à cabeça, doidejava
em redor dos sujeitos que se dirigiam aos corretores de bilhetes, suplicando-lhes,
a sorrir ansiosas, uma senha de entrada em troca de tudo que elas lhes pudessem
dar com o corpo, e mendigos berravam por outro lado, lanceando o espaço
com os dedos hirtos, a reclamar esmolas como quem reclama justiça no
meio de caifases, e atiravam para o ar o nome de Deus e das virgens num intenso
diapasão de pragas; ao passo que os guardas civis, sombrios debaixo do
seu reluzente chapéu de oleado em forma napoleônica e da sua enorme
capa, rondavam de um lado para outro, cruzando-se com os chulos de facha encarnada
e as manolas de trunfa alta, que também rondavam, mas com fins inteiramente
opostos.
O corredor do anfiteatro estava ensalsichado de espectadores até a boca,
e lá dentro, tanto do lado da sombra como do sol, não havia lugar
vazio. Meu banco felizmente era à sombra, e eu via palpitar no lado contrário,
em plena luz, os leques de milhares de espectadores de ambos os sexos, lembrando
borboletas presas pelos pés e doidas por voar; as sombrinhas de todas
as cores, as vistosas mantilhas e as roupas claras tinham, nessa vasta e iluminada
banda do circo, um aspecto tão alucinador, que parecia ser a expressão
palpável daquela infernal algazarra, feita da rixa e riso, e da qual
os palavrões obscenos se destacavam, iguais a esses estalos mais fortes
que rebentam por entre a constante crepitação de um incêndio
na floresta virgem. Ouviam-se de todos os lados sonoras pragas e alegres exclamações
de arrancar couro e cabelo; à minha esquerda, uma família em que
havia meninas menores de quinze anos, manifestava o seu entusiasmo pelo mesmo
depilatório sistema, e aqueles castos ouvidos recolhiam palavras capazes
de fazer tremer a um soldado, que não fosse espanhol; à minha
direita o chefe de outra família, sem dúvida não menos
honesta que a da esquerda, empinava de vez em quando uma formidável borracha
de vinho, a que ele chamava "bota", e fazia também beber aos
seus por igual sorte, entremeando os sucessivos tragos com tarascadas de chouriço,
partidas rente da boca por uma navalha, de inquietadoras proporções.
Cinco minutos antes das quatro horas, momento marcado a rigor para começar
a função, a berraria recrudesceu, preparando-se já para
protestar, mas o alcaide da cidade, pomposo nas suas insígnias, assomou
logo no camarote de honra, acompanhado pelo presidente da corrida, cumprimentou
cerimoniosamente o público, e uma vibrante cometa militar, acolhida com
tumultuosos regozijos, deu o sinal de abertura. Rompeu então a banda
de música a tanger uma marcha dobrada, escancararam-se as grades de um
portão no lado oposto ao da entrada de espectadores; e entre aplausos
gerais a "cuadrilla" fez a sua solene aparição na liça.
Vinha na frente, a cavalo, o Primeiro Espada, o guapo Torbellino, todo agaloado,
com chapéu de plumas e botas de canhão empunhando senhorilmente
o seu bastão de chefe; seguiam-se os bandarilheiros e capinhas, a dois
e dois, numa vistosa ala de cinco pares, todos a gingar, brilhantes nos seus
bordados trajos de jaqueta curta e calção justo, o braço
esquerdo dobrado por debaixo da capa vermelha e o direito solto, acompanhando
os requebros do corpo; fechavam o séquito os picadores, em número
proporcional, formados de três a três, com brutais perneiras de
chumbo e lanças formidáveis, cavalgando velhas alimárias,
tristes e alquebradas, que ali vinham, depois de uma dura vida de trabalhos
no campo ou nas cidades, para ser, em recompensa dos seus bons serviços,
escorneados por companheiros de martírio.
Feita a apresentação, separados da "cuadrilla" os toureiros
que tinham de ficar na praça e correr o primeiro touro, fechado de novo
o portão por onde vieram, bem vendados os olhos aos cavalos dos picadores,
para que não fugissem espavoridos ao perigo, a cometa deu novo sinal,
abriu-se daquele mesmo lado uma cancela, e a vítima designada surgiu
a galope, estacando logo, porém, em pleno circo, fascinada e aturdida
no meio de toda aquela estrondosa berraria, a olhar perplexa para todos os lados,
até que, como se só então desse pela presença dos
capinhas, investiu contra um deles.
Estava travada a pugna.
E começaram a repetir-se defronte daqueles milhares de olhos ávidos
as estafadas sortes e passes, que há séculos a Espanha vê
e revê sempre com o mesmo entusiasmo, e que sempre aplaude com a mesma
convicção patriótica. Os capinhas, como há cem anos,
atormentavam a pobre besta, negaceando defronte dela com as suas irritantes
e traiçoeiras capas vermelhas, ou os bandari1heiros lhe espetavam na
espádua e no pescoço farpas carregadas de enfeites e às
vezes também de fogo, ou então os picadores lhe apresentavam as
ilhargas das suas deploráveis cavalgaduras para que o enfurecido animal
as destripasse ferozmente e também como há cem anos, se o mísero
cavalo não morresse logo à primeira agressão e ainda se
pudesse equilibrar sobre as patas, recolham-lhe de novo ao ventre os intestinos,
cosiam-lhe o couro com alguns pontos apressados, e de novo o ofereciam sempre
com a venda nos olhos aos truculentos Cornos, e afinal, ainda como há
cem anos, quando o touro se achasse já bem cansado e exausto, o matador
se apresentava defronte dele com a sua gloriosa espada e lha enterrava na cerviz
até matá-lo. Fidalgo, gesto que sempre teve o condão de
arrancar do público espanhol delirantes manifestações de
aplauso, traduzidas não só em brados de louvor e em flores, ali
mesmo arrebatadas do próprio colo ou do próprio toucado pelas
mulheres, mas muitas vezes também em ricos lenços de renda, finos
leques e até joias preciosas, que lá iam cair aos pés
do triunfador de envolta com charutos, cigarros e moedas de prata arremessadas
pelos homens.
Só a quinta e última corrida da tourada, graças ao imprevisto
das circunstâncias que se deram nela, discrepou daquele venerável
ramerrão, e por isso mesmo foi a única digna de ser contada.
O touro então a correr era um belo animal negro e reluzente, com os cornos
curtos e afilados como os de um búfalo.
Ao abrirem-lhe a cancela, ele invadiu a praça num formidável e
insólito galope, centrípeto e cerrado, e a circulou repetidas
vezes, com tal velocidade e tamanha fúria, atropelando tudo por tal modo,
que foi logo uma debandada geral em toda a arena; os capinhas e bandarilheiros
voaram por cima da trincheira, sem quase lhe tocar com a mão, e os picadores,
chumbados aos seus pretensos corcéis, abeiravam-se dela e eram às
pressas colhidos lá de dentro e carregados no ar, a pulso, como manequins
de pernas tesas, entretanto que os expiatórios rocinantes, abandonados
e às cegas, iam recebendo cornadas por conta própria e pela de
todos os lidadores que desertavam o campo. Eram três os míseros,
e os três pouco tardaram a cair mortos, enchendo de sangue o chão
já coalhado de restos das capas, sombreiros, lanças bandarilhas
e outros despojos, que o touro espezinhava com raiva rugindo de cabeça
erguida.
O público, a patear e a trapejar com as bengalas, protestava em delírio
contra a ausência dos toureadores no lugar do perigo, e reclamava, a berros
loucos, novos cavalos na praça como estabelecia o regulamento das corridas
E essa feroz reclamação de "chair-au-taureau" encheu
muitos minutos, que foram até aí os mais estrepitosos da tourada.
Era tal o fragor, que o touro pela primeira vez se mostrou atordoado e se pôs
a correr à toda, procurando instintivamente uma aberta qualquer, por
onde fugir àquela diabólica tempestade que bramia em redor dele
e parecia querer tragá-lo.
A tempestade se acalmou quando de novo se abriu o portão, para dar passagem
a outra turma de três picadores, desta vez precedidos por todos os toureiros
da "cuadrilla", que foram entrando de cambulhada e dispostos para
tudo. Torbellino, agora vestido de seda cor de esmeralda recamada de galões
de ouro, trazia consigo uma cadeira, cuja magistral sorte figurava no programa
da corrida em letras garrafais.
Mas o tremendo adversário não lhes deu tempo para negaças,
e de roldão foi investindo sobre um dos picadores, que logo desabou da
sela como um S. Jorge, e ao qual era preciso acudir antes de mais nada e carregar
prontamente dali, se o não queriam ver num ápice acabar nas pontas
do touro. E para este distrair e arredar daquela zona durante a subtração
do picador em apuros, armou-se em volta dele uma agitada tropelia, enquanto
os outros dois cavaleiros, bem cientes do que os esperava, tratavam de chegar-se
à salvadora trincheira, contra a qual de fato eram em poucos segundos
arrojados impetuosamente com as suas cavalgaduras, apesar de receberem a ponta
de lança o cornígero agressor.
Derreados os cavalos e eclipsados os picadores o touro fez-se de todo para os
capinhas, que, aliás, não conseguiram capear uma só vez
e quando muito só lograram enraivecê-lo ainda mais. De cada feita
que o quadrúpede arremetia sobre um deles saíram-lhe os outros
pelos lados, agitando as capas, sem lhe dar tempo a marear alvo para o assalto.
Todo o empenho dos toureiros era fatigá-lo, a ver se desse modo alcançavam
equilibrar as forças em ação e obtinham, para decoro profissional,
realizar algumas sortes, embora das mais simples, como o passe da Verônica
ou da Navarra.
O touro, com efeito, apesar de sempre árdego e rebelde, já dava
mostras de cansaço e parecia já não acometer com a mesma
veemência, tanto assim que Torbellino, sem se poder conformar com aquela
vergonhosa corrida composta só de correrias de um para outro lado da
praça e repetidas escaladas à trincheira resolveu salvar a situação
com um golpe da audácia e declarou que ia executar imediatamente a sua
famosa sorte da cadeira.
O público aclamou-o de novo mas desde que ele, com um par de farpas na
mão direita e a cadeira na outra se pôs a bater com aquelas, chamando
o touro à cita; este, em vez de partir de cara, como era de esperar,
torceu de banda, antecipando-se assim no ardiloso requebro que o toureiro contava
fazer, e repontou-lhe pela esquerda, sem lhe dar tempo senão para fugir.
De sorte que os papéis singularmente se trocaram, o toureiro não
toureou e o touro toureara, e Torbellino lhe teria sentido o gosto dos cornos
se não se livra tão depressa, abandonando ao adversário
as farpas e a cadeira, que voou logo em estilhas pelos ares.
O pior, porém, é que o demônio do animal se lhe ferrou no
encalço, e começou a persegui-lo a galope cerrado por toda a volta
em redondo da praça, sem fazer caso dos capinhas que tentavam desviá-lo
da porfia. Torbellíno, afinal, com inaudita destreza, agarrou-se na carreira
que levava à borda da trincheira e a transpôs de um salto; o touro,
porém, não menos destro, galgou-a atrás dele, rastejando-lhe
a pista.
E então é que foram elas! No interior da trincheira havia como
sempre refúgios e defesas, mas a tudo levava o touro de vencida, ameaçando
até as primeiras filas de espectadores. O pavor não podia ser
maior. Na inversão dos pontos de perigo, via-se agora encher-se a arena
com os que a invadiam, saltando a trincheira falsa em busca de segurança,
e era lá para dentro que acorriam os capinhas em perseguição
do intourejável boi.
Ah! não havia dúvida que a quinta corrida, se, pelo seu imprevisto,
ia bem para grande parte do público, ia positivamente muito mal para
os toureiros. Das farpas e bandarilhas destinadas ao feroz bicho, nenhuma lhe
chegara a picar o couro; das lanças dos picadores que o atingiram, a
nenhuma foi dado conservar-se inteira, e dos últimos três cavalos
sobrevindos, só um vivia ainda, e esse mesmo já ferido nas costelas
e mal se podendo ter nas pernas.
Agora, o que os espectadores reclamavam nos seus implacáveis berros,
era a presença do touro na praça; felizmente, porém, já
lá dentro tinham conseguido encurralá-lo, e não tardou
a que o restituíssem no público.
Vinha cansado e vinha colérico. Surgiu, entretanto, na liça, encapotou
logo, assestando para frente, cornos afilados, e desembestou, tal qual ao iniciar
a corrida, no seu centrípeto galope a que nada resistia.
A praça esvaziou-se inda uma vez, e o touro, bem senhor dela, como para
completar a sua vitória. Arremeteu contra cavalo já ferido de
morte, único sopro de vida que ali respirava. A pobre cavalgadura jazia
encostada à trincheira, com os olhos sempre vendados, e com o sangue
a desfilar-lhe por entre as costelas partidas. Ao primeiro assalto caiu logo,
mais de costa que de flanco, agitando as patas no ar. O touro acometeu-o de
novo, engolfando-lhe no ventre os cornos por inteiro e revolvendo-lhe as entranhas
que arrancou afinal de todo para fora.
O desviscerado escorjava-se, ululando, num tremor de todo o corpo, e o touro,
a saciar nele a sua tremenda cólera, só recolhia as armas para
as cravar de novo com mais fúria. Depois, não conseguindo nelas
levantar a vítima e arrojá-la, como um despojo vil, por cima da
trincheira, se desforrava em mergulhar de todo a cabeça no arrombado
ventre do agonizante, esfocinhado lá dentro na sangrenta lameira dos
intestinos.
O público, empolgado por tão cruenta ferocidade, esqueceu-se dos
toureadores, para dar todo o seu entusiasmo ao touro. Os aplausos rebentaram
do anfiteatro em peso mais delirantes do que nunca, e o inconsciente herói
como se os compreendera, sacou a cabeça das entranhas do cavalo para
encarar orgulhoso a multidão, apresentando-lhe uma hedionda máscara
vermelha e verde, feita de estrabo e de sangue.
Redobrou o entusiasmo, e uma ânsia febril apoderou-se dos espectadores.
- Que lo maten! Que lo maten!
E a nuvem dos toureiros acudiu de novo à praça. O touro, na sua
imediata investida, viu-se logo cercado por todos os lados, e, arquejante de
cansaço, já sem força para os repelir, escamava a terra
com as patas dianteiras.
- Que lo maten! Que lo maten!
Um lúgubre toque de cometa deu o sinal de morte. Pela primeira vez, fez-se
no circo um pouco de calma quase silente na qual se sentia resfolegar a velha
alma espanhola
E o guapo Torbellino na sua linda roupa cor de esmeralda, perfilou-se defronte
do touro expondo-lhe a capa vermelha, debaixo da qual se escondia a lâmina
fatal. O adversário, de cabeça baixa, a arfar com o corpo todo,
recuava defronte dele, negando-se à provocação; mas os
capinhas tanto o instigaram e tanto o enredaram nos seus mil ardis, que o condenado
foi afinal colocar-se diante do Matador, em posição favorável
para receber o supremo golpe.
Torbellino não deixou fugir a vez. Aprumou-se, mediu o bote e, com um
gracioso salto de mestre, enterrou-lhe até os punhos a espada na raiz
do pescoço, por entre os cornos.
A arma ficou no corpo do ferido, e este estacou, como surpreso do que se passava
por dentro dele. O Matador aproximou-se então da sua vitima, puxou-lhe
da cerviz à ensanguentada espada e bateu-lhe com ela desdenhosamente
na cara.
O touro deu ainda um arranco, que era já de moribundo, a cambalear, cruzando
as pernas da frente, e foi cair ao lado do último cavalo morto.
Levantou então a cabeça e abriu os seus olhos de animal vindo
ao mundo para ser bom e forte. Da boca escorria-lhe sangue, mugiu soturnamente,
e nesse mugido ia toda a lamentação de sua alma simples pelos
campos verdes e amigos, que ele tivera de deixar para vir morrer ali tão
cruamente nas mãos de bárbaros.
E por fim, deixando pender a cabeça sobre o flanco do companheiro de
sorte, suspirou muito repousadamente como um ente humano quando adormece.
(Nápoles, agosto de 1910)
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