Um Artesão é um Artista. Um Artista é um artesão. As mãos moldam a matéria. A mente criativa modifica essa mesma matéria.
O Trabalho Artístico de João Rodrigues insere-se nos novos paradigmas da modernidade; os quais passam pela generalização da estética à experiência do quotidiano e pela absorção dos fenómenos civilizacionais, dos quais se destaca a hibridez resultante da diluição do orgânico, do mecânico e do digital. A modernidade traz novas abordagens dos materiais. Já Lavoisier, Químico do Séc. XVIII, defendia que "...na natureza, nada se perde, nada se ganha, tudo se transforma...". O João assim o faz nas suas composições artísticas, com as mãos e com a mente... Do mundo corpóreo enxerta os "apêndices inúteis" e recria novos corpos ou, melhor, corporalidades. A tonalidade, o relevo, a espessura, as linhas e as formas de algumas das suas (re)criações revelam um universo dissonante, cuja a síntese ou harmonização dos sentidos é remetida para o incorpóreo, conduzido pelas instâncias preceptivas e oníricas do observador, que quando bom também é um artista desde que não observe vagamente ou inutilmente...
Em conclusão, na obra de João Rodrigues a inversão de um certo modelo estético é evidente: Tornar a(s) inutilidades(s) em utilidade(s), no sentido de a experiência poder ser esteticizada através de uma inovadora abordagem conceptual expressa numa breve e terna ecologia dos sentidos. Deste modo, o artista torna-se total.
Tudo que é útil deveria ser belo. E tudo que é belo deveria ser útil. Wilde do Séc. XXI diria, certamente, que toda a arte é perfeitamente útil...
(João Nuno Teixeira)
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