Outros poetas choram saudades
Pois que vieram d’outras terras
Lembrando de povos e de cidades
E desprezando a ti que os encerra.
Esqueceram-se que tu os acolheste
E os alimentaste nas suas desditas.
Mas que tipos de órfãos são estes
Que renegam a madrasta bendita?
Tu és feia nesse caos e confusão?
Mas quem confundiu tuas linhas?
Abriste-te a todos sem restrição
E se alastraram como ervas daninhas.
Tu és dura em aparente frieza?
Mas quem, enfim, te brutalizou?
Não teus filhos, com toda certeza,
Mas a bagagem de quem te buscou.
Teu ar e tua água são impuros?
Mas quem foi que os poluiu?
Os que vivem entre teus muros
E vindos de todo o Brasil.
Eles te exploram e consomem,
Depois reclamam de tua aridez.
Cospem no prato em que comem
E clamam por mais a cada vez.
Minha São Paulo. Minha cidade.
Teus problemas são muito profundos
Porque na terra da mediocridade
Ousaste ser do primeiro mundo.
Essa gente que chora é injusta
Quando ousa assacar contra ti.
Meu amor por ti nada custa
Pois em teu seio é que nasci.
Amo esta terra. Amo demais!
E encho a boca enquanto falo.
Os que te odeiam? Tanto faz!
Só contam os que amam São Paulo.