Descem do céu as luzes perdidas que assentam
sobre a ridigez do viaduto, por onde os carros
cruzam como feras e os homens alentam
suas forças com um mar de escarros.
São sete horas, e nas ruínas de uma igreja
prenuncia a noite o ribombar do sino,
no seu troar um murmúrio de inveja
transparece em todos ao montês peregrino.
A fornalha de homens borbulha e inflama
pelas ruas banhadas de sangue e suor;
na turba, nem cavalheiro nem dama,
mas um lascivo frenesi de estertor.
São Paulo! Terrível serpente, teu veneno
percorre as veias de teus próprios filhos!
que vergam, arrastam-se, e ao distante ameno
do céu, entoam gemidos como semi-vivos velhos.