A Garganta da Serpente
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Samparida

uma neblina
escura
envolve esse céu
enquanto procuro
teus olhos que são meus

logo adiante
uma bituca de cigarro
um pôr de sol mal feito
e x a g e r a d o
cansado do trabalho
se vai
deixa aqui esse meu corpo
sozinho
sob a neblina
do meu cigarro
a procura dos olhos teus

logo adiante
uma menina
vendendo sua desgraça
e x a g e r a d a
ela tem olhos e sapatos
PEQUENOS
ela tem sonhos como os meus!
quer atravessar aquela calçada
de tantos carros
de tantos tocos
DE cigarros

andarilhamos...
logo mais adiante
um bar antigo
uma estação
da luz
repleta de olhares
entre eles,
o teu
o dele
que a mim
vão despindo
AOS POUCOS

um olhar
a minha procura
em vão

no céu de São Paulo
uma neblina escura
apaga meu cigarro
que fica perdido
no meio da roupa
caído da boca
sozinho no chão



Rebecca Navarro Frassetto

(paulistana)
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