A Garganta da Serpente
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São...

Estou aqui
- à beira da Paulista -
observando a garoa secular:
são instantes apressados
caindo devagar
sobre a noite inquieta

O tempo,
estilingue enlouquecido,
chacoalha os subterrâneos
da cidade imensa.
São tantas lembranças
e inúmeros atrasos
espalhados pelo asfalto vivo.

Retiro a gravata
e afrouxo o peito
pronto a correr pela madrugada.
São motivos e lugares
que nunca se põem
mesmo que amanhã a semana recomece.

O parque, os rios,
as marginais,
os marginais e os assalariados.
São mãos e dedos e sonhos
refletidos no concreto
e no abstrato.

Fecho os olhos e ouço:
há estrelas que brilham lá em cima
onde o som das avenidas não alcança.
São milagres que percorrem
as artérias cada vez que nos lembramos
que existimos.

São milhões
de braços arregaçados.
São pedaços meus,
o lar escolhido.
São anos de luz
e de fé em
São Paulo.
Amém.



Agostina Sasaoka

(Campineira que vive em São Paulo há quase 10 anos)
postado em 25/1/04
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