Quero ser a enxurrada de tuas garoas
A correr pelas frestas dos paralelepípedos
Que ainda resistem à história.
Ser os bondes e as pessoas elegantes
Pixadas nos muros de teus prédios e avenidas sinuosas
Quero ser a parede de taipa de seu colégio
E ostentar imponentemente o orgulho de suas memórias.
Ser um pintor bandeirante, cuja tela, é a vastidão do céu
E o andaime, o Edifício Itália
Encher tua noite de estrelas, madrugada adentro
Mergulhar no relento...
...Saudosa boêmia.
Quero ser o executivo da Paulista,
O descolado da Algusta
O Boêmio da São João...
Ou um personagem qualquer,
Largado n’algum cortiço do Beco do Piolin
Pois quero ser vertiginosamente altivo e grande como o Banespa
Movido a aspirinas e anfetaminas
Pra acompanhá-la, Paulicéia desvairada
Ser o verde de tuas várzeas,
E as cores vivas das vitrines da Oscar Freire
Ser desbravador como meus ancestrais Bandeirantes,
Aguerrido como teus Índios nativos
E forte como teus bravos imigrantes.
Um Paulistano nativo!