A Garganta da Serpente
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Desterro de minh’alma.

O frio que outrora me fora aliado,
hoje vem meu rosto espalmar.
O que me dói não é somente minha face triste,
mas meu corpo, minha alma...

Meus dedos gelados,
são cubos mortíferos,
mas não os lançarei sobre ti.

Não quero ferí-lo nem mesmo em pensamento,
antes a minha morte à tua, pois não consigo pensar em vida
sem que a lembrança doce da tua face linda
me venha a mente e alce vôo sobre meus olhos cansados de não mais te ver.

Um imenso abismo se faz presente entre nós
e por maior que seja o meu esforço não posso ultrapassá-lo.
Seu fundo me é desconhecido; meu medo é que não seja finito...

Mas, afinal o que espero encontrar?
Já foste meu deus, minha oração,
meu alimento, minha perdição...
Longas noites sem ti atravessei,
e só os meus soluços escutei na fria e eterna madrugada.

Martírio e esquecimento,
não vivi se quer um sorriso teu
em um só momento.

Preferes ver-me definhar e sucumbir aos teus pés pouco a pouco, sem dó.
Mas não quero tua piedade, nem mesmo tua compaixão.
Talvez esteja querendo demais
desejando o teu coração...

Por mais que tente não consigo livrar-me
deste amor nefasto que me afoga,
me sufoca, me entristece, me dilacera o corpo,
e faz sangrar minh’alma...
morro um pouco a cada dia...
e quando amanhece...

Mas se nesta terra miserável habito, ainda,
é por causa da presença tua;
não entendes, afinal, que a minha vida é a tua vida
e que estarei presa a ti,
mesmo após o dia em que a ave d’aurora
anunciar-te a morte que te sorri.



Cíntia Rosângela

(Novo Hamburgo - RS)
postado em 09/2/04
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