A Garganta da Serpente
Adoradores de Serpentes poemas sobre ofídios
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

A GARGANTA DA SERPENTE

Não há luz.
O tremor do útero
anuncia a sílaba.
Diga tua profecia
enquanto refaço o evangelho.
A boca sorri tortuosa
maldizendo a dança dos temores.
Pronuncie!
Não ouse sussurrar o caos.
O terço se enrosca
em minha língua
enquanto a primeira estrela se arrebenta.
Hospedo-me
nas gavetas do inferno,
onde os verbos maceram.
Não olhe:
vou nascer.
A garganta arreganhada
permite o sibilar do cio
Esfrego-me em teus pudores
enquanto conjugo um bocado da lua.
As escamas pulsam displicentes
sob a fronteira úmida da dor.
E o verde rasteja
- infindável -
trazendo a serpente.


Agostina Akemi Sasaoka

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente
http://www.gargantadaserpente.com.br