Serpeias lenta, sob teu ventre frio,
sagaz serpeias, oh serpe mordente!
Filha és da Morte, dum ser doentio,
ardilosíssimo ofídio da mente.
É tua garganta o covil do Infinito,
que vai tragando a abissal poesia,
de toda cria dum seio maldito,
tudo que é dor e dolência, agonia.
Vai sibilando, serpente tristonha,
e inoculando em meus veios peçonha
co vinho ardente do verso que tragas!
Num grande gole de morte e cicuta
te encontrarei, oh venal prostituta,
na solitude das fúnebres plagas...