Ser poeta hoje é bem fácil, viu?
É só ter um nome bonito, ou pseudônimo interessante, ou
mesmo inventado.
Ir aos grupos de literatura virtuais e se increver no maior número deles,
além disso estar em todas as cirandas e metiês de correntinhas
e mandar ver nos versos.
Se tem habilidade, ótimo, vai em frente e busca ferramentas como páginas
facilmente construídas e pede encarecidamente para ser divulgado e depois
vai em frente e digita uns versos sensuais com vocabulário bem comum
ou de fácil interpretação, ou pega o Minutos de Sabedoria
e adapta e consegue algo no sentido da auto-ajuda.
Pronto, fórmula feita, plano B, são os designs, é só
ser gentil e conhecido, ser amável e mostrar que troca divulgação
e assim vai sendo divulgado e colocado entre as páginas dos melhores
designers da internet.
Se tem dinheiro e bom potencial de se tornar um bom cliente de webdesign ou
mesmo você que tem a tal habilidade tem tempo ou quer fuçar como
fazer os tais e tornar sua página linda, pronto, é o suficiente,
explode no meio da nata da e-literatura.
Nisso o passo seguinte são antologias, e-books, publicações
digitais, começam os convites para papiros, zines, jornais comunitários
e alguns eventos da nata da literatura mesmo para você introjectar sua imagem
em algumas fotos e dizer-se "acadêmico" e enfim, poder estar
entrando na máfia editorial, introduzir um projeto e publicar um livrinho
que se comercialmente possível de se lançar, logo é chamado
a um lançamento com mídia, retratos, muita champagne e canapés!
Isso aí, mas onde estão o argumento, o sentimento, a verdade e
a poética? Haja inspiração, haja verso, haja noite e dia
para tanta produção, será que essa produção
em série, em quantidade de indústria, mercadologicamente inviável
de ser visualizada a sua confecção, será essa a qualidade
da poesia moderna?
Há o que se pensar, se é mesmo tão fácil assim,
ser poeta!