Uma das coisas mais importantes na forma com que um texto é criado vem
a ser o momento exato de se dividir uma frase, seja em orações,
seja em frases, seja em versos, de modo a construir um ritmo na leitura. Afinal,
o que seria da escrita, sem a leitura?
Ora, na poesia inclusive utiliza-se da mudança de versos para acentuar
um ponto, mudar de rumo, etc. Amigo ou amiga que busca aprimorar sua escrita,
procure ler os mestres com os olhos na divisão de versos. Veja como eles
constroem pensamentos e pintam quadros com o simples "mudar de linha",
como formam ritmo com uma simples vírgula colocada no lugar certo. Veja
bem: uma vírgula colocada erroneamente entre o sujeito e o predicado
pode estragar todo um poema. Exemplo: Você, é a minha vida. Os
teus olhos, são da cor do mar.
Claro que há casos em que se brinca com as vírgulas e a sintaxe
em geral. Muitas vezes, se quero realçar a cor dos olhos, o fato de você
ser a minha vida, coloco o pronome no fim da frase, utilizando a vírgula
entre o predicado e o sujeito: São da cor do mar, os teus olhos. É
a minha vida - você. Viu como fica cem vezes mais bonito? São detalhes
assim que fazem a diferença entre uma poesia sofrível e uma poesia
bela.
Hoje em dia está na moda dividir um verso depois de uma preposição,
de uma conjunção - mas experimente ler o texto com tal divisão.
Você não consegue. Outra vez digo: o que seria da escrita, sem
a leitura? Se você tem dúvidas sobre uma divisão, leia seu
texto em voz alta. Se fica estranho, desajeitado, feio - mude! A menos, é
claro, que sua intenção tenha sido exatamente esta.
Como poeta, é preciso que você cultive o senso da beleza do ritmo
e da construção de uma frase. Não aceite ficar entre os
que apenas lançam palavras no papel. Trabalhe seu texto com a tenacidade
de um Artista.