A reportagem desta Folha, edição de sábado, sobre controle
de zoonoses em Birigüi, registrou a palavra sinantrópico na seguinte
construção: "controle de animais sinantrópicos".
Se o leitor procurar tal palavra no dicionário, não a encontrará
porque é um neologismo. Usar palavras novas que ainda os dicionários
não registraram não é erro. Aliás, o mundo científico
prima por criar novas palavras tendo como referência o grego e o latim,
dois idiomas formadores do português. Isso é bom porque valoriza
os componentes da própria língua, como aconteceu com camelódromo.
Os agentes da informática não fazem isso, importam equipamentos
e as palavras, sem se preocupar se há termos similares no português.
Além disso, não fazem nenhuma adaptação delas, promovendo
uma invasão de estrangeirismos.
Nada a condenar quanto à importação de palavras de outros
idiomas. A importação é uma forma de ampliar o léxico
português, desde que não haja uma outra correspondente em nosso
vocabulário. Mas temos de admitir que nem sempre a dinâmica dos
fatos acontece conforme a vontade dos gramáticos.
Nesse caso, conviver com o estrangeirismo é uma necessidade de uma cultura
com baixa auto-estima. O aportuguesamento de palavras estrangeiras é
a atitude mais inteligente, mas nem sempre encontra eco, principalmente entre
os publicitários que preferem shampoo a xampu, porque a primeira forma
dá mais status ao produto, pois pertence ao idioma referência (o
inglês).
Voltando ao assunto principal, animais sinantrópicos são espécies
que, indesejavelmente, coabitam com o homem, tais como: roedores, baratas, moscas,
pernilongos, pulgas, morcegos hematófagos, pombos e outros.
Eis a composição da palavra: sin + antrop + ico. Sin é
um radical grego e quer dizer reunião, ação conjunta, está
presente também em sinestesia (sensações conjuntas); antrop
é radical grego e significa homem, ser humano; ico é sufixo grego
e tem o sentido de estabelecer relação.