É incrível como os valores em nossa sociedade estão às
avessas: policial sendo taxado de bandido e bandido sendo endeusado; autores
não tendo suas obras premiadas e plagiadores levando prêmio pela
cópia.
O que me leva a escrever esta crônica de hoje foi uma notícia que
me chamou a atenção no jornal O Globo (RJ), edição
de 03 de novembro de 2002: "Prêmio para uma cópia? Escritor
que venceu o Booker Prize pode ter plagiado Moacyr Scliar".
A obra do brasileiro Moacyr Scliar chama-se "Max e os Felinos" e a
do plagiador canadense Yann Martel, "Life of Pi". A sinopse é
a mesma: um menino náufrago que divide o bote salva-vidas com um felino,
no caso do brasileiro, é com um jaguar e no caso do canadense é
um tigre-de-bengala.
O brasileiro Moacyr Scliar não recebeu nenhum prêmio, nem nacional
e nem internacional, por sua obra e o plagiador ganhou o "Oscar" da
Literatura Inglesa: o Man Booker Prize.
É curioso saber que uma cópia idêntica é considerada
melhor que a original e eu já tive o desprazer de ouvir de Jussara Midlej
dando uma explicação porque ela havia votado no terceto que era
idêntico ao meu e não no meu: "Às vezes, a cópia
é melhor que o original.". Ora, se é cópia, quer
dizer que é idêntico ao original e, portanto, não merece
qualquer mérito por se tratar de mera cópia!
Creio que devamos condenar atitudes como a desta pessoa que disse uma tremenda
asneira. O plagiador de meu terceto, Argemiro Garcia, é amigo íntimo
de Goulart Gomes, fundador de um dito movimento literário e que, só
porque solicitei retratação da votação, fui taxada
de "desordeira", de estar subvertendo a ordem preestabelecida, onde
plágios eram, infelizmente, permitidos e qualificados como "recorrência
de temática".
É com muita tristeza que vejo plágios e mais plágios sendo
louvados e o autor original das obras, tendo que enfrentar uma luta cansativa
e longa nas barras dos Tribunais. Pior é quem admira o plagiador e está
se lixando para o autor original, que, com muito suor e inspiração,
fez um belíssimo texto, terceto, poesia, romance, etc.
Segue abaixo o meu terceto que foi plagiado e onde descobrimos a falta de seriedade
de um tal movimento dito literário (qualquer movimento literário
que se preze, respeita o direito fundamental do autor sobre sua obra intelectual).
FOME DE CÃO
(Simone Barbariz)
Revirando latas de lixo
A procura de comida:
Menino de rua...
Não pense você, leitor, que eu fui a única a ser vítima
de um plagiador neste "movimento". Tenho dois amigos de Brasília,
que pediram para não citar nomes, que também tiveram seus tercetos
devidamente plagiados. Fora outros tantos que preferiram se calar frente ao
plágio para evitar "dores de cabeça".
Não devemos nos calar frente ao plágio. Se soubermos que nós
ou nossos amigos estamos sendo vítimas deste ato criminoso, devemos denunciar
os plagiadores e alertar nossos amigos.
Diga NÃO ao plágio!