Embora os analistas apontem avanços importantes e consistentes em direção
à superação do atraso educacional, levando em consideração
a queda na taxa de analfabetismo, aumento expressivo no número de matrículas
em todos os níveis de ensino, precisamos parar e pensar até onde
essa análise se sustenta, pois, se a taxa de analfabetismo caiu, deu
lugar a uma nova criatura: O Analfabeto Funcional.
Se partirmos do pressuposto de que a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) sustenta
que o ensino fundamental no Brasil, tem, por um dos objetivos, a formação
básica do cidadão, mediante o desenvolvimento da capacidade de
aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura
e da escrita, veremos que, na maior parte das escolas, esse objetivo não
está sendo atingido por muitos alunos.
Com isso, percebemos que há um certo "mascaramento" em relação
ao real aprendizado dos estudantes, pois, sabemos que a realidade mostra uma
perspectiva totalmente diferente. O Sistema não aceita que muitos alunos
fiquem reprovados e "empurram", deliberadamente, os coitadinhos para
a série seguinte. Assim, vai acontecendo até o aluno "terminar"
o Ensino Médio.
Colocamos, todos os anos, muitos analfabetos funcionais para lutar por um espaço
no mercado de trabalho com muito pouca chances reais de conseguir se manter
empregados. E assim vai...
Precisamos parar para pensar se vale a pena "formar" tantos cidadãos
sem capacidade de análise crítica de mundo e sem domínio
de sua própria linguagem. É uma forma cruel de fazer com a fila
ande o mais rápido possível.
(17/10/2008)