Joana DArc
Não sou ninguém. Às vezes sou a chave, muitas vezes sou a porta.Quase sempre sou a certa, mas certamente sou torta. Amo a ousadia, odeio a democracia.Eu sou assim, arco e flecha buscando alvo certo, nômade sobrevivente desse deserto. Vivo entre o martelo e o crivo, entre o lodo e o cravo.Eu vivo assim, misto de princesa e bruxas sutis, traço minha vida no limite do giz. Sou bendita, pura,malvada e sou mais bonita nua.Tenho meus castelos e moro na rua. Ando sobre riscos feitos de aço,pendurada em fios de seda, no riso me desfaço.No caos sempre me encontro, ponto a ponto, pobre de Mim!Eu vivo assim. Bordo e pinto não sete, meus setecentos pecados.Escrevo cartas,não mando recados. Tenho horror ao coletivo, odeio a harmonia, idolatro a minoria.E assim vou vivendo, entre o perdão e a vingança, entre o choro e o riso da criança, entre o prazer e dor, entre o vazio do amor.Chuto as latas do rancor.Nao quero nada, quero somente que o sol morra quando nascer a madrugada.