Manoel Guedes de Almeida
Brotei de uma cidadezinha perdida no meio do nada, em meio a cabras que berram e crianças também. Como se é de esperar de quem é introvertido, ao avesso, sou filtro do mundo, mesmo que o mundo não seja palpável ou visível, mesmo que o mundo esteja por dentro. É nisso que me concentro, na linguagem tantas vezes obscura com que Deus escreveu o mundo. Depois de um tempo, percebi que eu era louco, e agradeci muito a Deus por isso. Essa é a melhor coisa que pode acontecer a um homem tão exterior ao que é real. E às vezes me dizem que sonho muito, que meu mundo é de fadas, que tudo não passa de uma ilusão ou de um sonho constante em que minhas pálpebras se recusam a se fechar. Concordo plenamente, pois sonho o mundo de olhos abertos. Afinal de contas, mesmo a Branca de Neve pode mentir às vezes. Se quiserem saber mais sobre minhas loucuras, estou a disposição.