A Garganta da Serpente
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Fausto, de F. W. Murnau

(Abilio Terra Junior)

O diretor alemão Friedrich Wilhelm Murnau formou-se em História da Arte e trabalhou como assistente de Max Reinhardt . Lutou na 1ª. Guerra Mundial como piloto de combate e só depois conseguiu prosseguir com sua carreira cinematográfica. Estreou em 1919 com o filme 'O Menino Azul', já mostrando sua tendência para filmes fantásticos. Foi um dos representantes do movimento expressionista alemão. Seus trabalhos mais conhecidos são: Nosferatu (1922), Aurora (1927), A Última Gargalhada (1924) e Fausto (1926). Em 1931, um trágico acidente de carro colocou fim à carreira de um dos mais notáveis cineastas alemães de todos os tempos.

Último filme que Murnau rodou na Alemanha, Fausto reúne alementos da peça de Goethe, da dramatização feita por Marlowe e do antigo livro popular História do Doutor Johannes Fausten, o conhecido Bruxo e Necromante, publicado em 1587.

Em seus filmes, apresenta-se o eterno conflito entre o mundo natural e a civilização moderna, entre a inocência e o artificialismo que condiciona as relações das pessoas em sociedade.

O filme reuniu uma equipe de escol do cinema alemão da época e apresenta um impressionante contraste entre luz e trevas, com uma sensível fotografia e efeitos notáveis, que impressionam e remetem ao inconsciente coletivo, o que caracteriza, entre outros aspectos, o expressionismo alemão.

Já nas primeiras cenas, 'os portais abertos das trevas se abrem e as sombras da morte invadem a terra'. 'A liberdade do homem de escolher entre o Bem e o Mal é a maior das maravilhas'. Há um diálogo entre um Arcanjo e o Demônio, Mefistófeles. Mef.: a Terra é minha! Arc.: Jamais será sua! O homem é de Deus! Mef.: Quer apostar que conseguirei a alma de Fausto na frente de Deus? Arc.: Se destruir o que existe de divino em Fausto, a Terra será sua! Mef.: Ninguém consegue resistir ao Mal!

Em uma cena impressionante, Mefistófeles aparece dominando a cidade com a sua figura enorme e a sua capa. Surge a peste e uma epidemia mata metade dos seus habitantes. Fausto, em seu quarto lotado de livros, já idoso, ora para encontrar uma cura para a peste. Desesperado por não conseguir salvar uma mulher, ele queima os seus livros, inclusive a Bíblia. Nisso, ele encontra um livro sobre demonologia, que diz: vá a uma encruzilhada e chame-o três vezes!

Fausto vai a uma encruzilhada, traça um círculo no chão e invoca o Demônio. Mefisto aparece em forma humana, em diversos lugares. Fausto volta para o seu quarto. Lá encontra Mefisto: você me chamou. Aqui estou. Fausto vacila. Mefisto lhe diz para renunciar a Deus e a sua Legião de Anjos e terá então o poder e a glória do mundo. Com isso, Fausto terá o poder de curar os doentes por um dia. Mef.: Tente! Um dia de teste! Tente só um dia!

Fausto assina um pacto, com uma gota de sangue. Mefisto lhe explica que a assinatura tem mais valor com o sangue. Fausto se dirige ao povo: Ajudarei em nome do Demônio! Ele cura uma pessoa. Mas não consegue curar uma mulher que segura uma cruz com as suas mãos. As pessoas percebem e o apedrejam.

Fausto decide se matar: liberte-me, elixir da morte! Mefisto lhe diz que ele não pode fugir dele: lembra-se do pacto? Não se passou um dia. Pobre Fausto, porque busca a morte se ainda não viveu? A sua vida é feita só de poeira e livros velhos. O prazer é tudo! Ofereço-lhe a felicidade suprema, a juventude! Fausto se entusiasma: Dê-me a juventude! Fausto rejuvenesce. Mefistófeles volta à sua forma original. Surge uma figura feminina, que desaparece em seguida. Fausto: leve-me até ela! Mef.: suba em meu manto e o mundo girará em torno de você!

Mefisto e Fausto voam até o casamento da condessa de Parma. Chegando lá, Mefisto se dirige a condessa: em tributo à sua suprema beleza, meu senhor lhe traz os tesouros do seu reino! Ele lhe oferece uma jóia que brilha tanto, que deixa todos inconscientes. Então, Fausto beija a condessa e a leva consigo. Mefisto mata o noivo.

Mef.: o dia da prova acabou. A areia da ampulheta já escorreu. O seu corpo tornará a ser como antes. O pacto se estenderá por toda a eternidade! Fausto aceita. Mef.: você provou todos os prazeres da vida , mas nada lhe satisfez! Fausto exclama: lar! Leve-me para casa!

Ambos chegam à cidade natal de Fausto em um dia de festa: é a Páscoa. Entre as pessoas que se dirigem à igreja, passa uma linda jovem e Fausto se sente atraído por ela. Mef.: uma menina inocente que vai ao padre... ela não é para você! Mas Fausto não muda de idéia. Mefisto sorri.

Mefisto coloca uma corrente de ouro na casa da jovem, que se chama Gretchen. Fausto admira Gretchen, que brinca com umas crianças, se aproxima e entra na brincadeira, correndo atrás dela e, finalmente, a beijando. Ele se declara a ela, coloca um anel em seu dedo e lhe diz: sou seu para sempre! Depois, Fausto entra no quarto de Gretchen. Enquanto isso, Mefisto provoca o irmão de Gretchen, que se dirige à sua casa, encontra Fausto e luta com ele; Mefisto o mata pelas costas. Mefisto diz a Fausto para fugir, e, em seguida, grita: Assassino! Assassino! Atraindo diversas pessoas. A mãe de Gretchen morre, ao surpreender a filha com Fausto em seu quarto.

Gretchen tem um filho e o mata, involuntariamente, na neve. Ela é condenada. Grita por Fausto. Ele diz a Mefisto que o leve até Gretchen, que está em perigo. Mefisto faz com que Fausto volte a ser idoso. Gretchen é levada para a fogueira e queimada viva. Fausto observa, de perto, angustiado, Gretchen na fogueira. Gretchen o vê e, então, percebe que aquele homem idoso é, na verdade, o seu amado Fausto. Ela imagina que Fausto, jovem como ela o conheceu, beija-a naquele momento.

Há um novo diálogo entre o Arcanjo e Mefisto. Arc.: aqui não é lugar para você! Mef.: eu clamo os meus poderes! Arc.: uma palavra acaba com o seu pacto! Mef.: diga a palavra! Arc.: a Palavra que vibra através do Universo, a Palavra que acaba com a dor e o sofrimento, a Palavra que expia a culpa dos humanos, a Palavra eterna... você não conhece? Mef.: diga-me a Palavra! Arc.: Amor! O Arcanjo aponta a espada para Mefisto e este desaparece no fogo.

(17/06/2009)

Fausto
Faust
Direção: F. W. Murnau
Duração: 116 minutos
Ano: 1926



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