A Garganta da Serpente
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

O abraço das horas

(Arles)

Numa tarde meu pai sentou-se na varanda e pediu-me que comunicasse aos demais da casa que o tempo ia naquele dia roubar-lhe. Achei a possibilidade desse acontecimento um grande devaneio. Sai vagarosamente olhando para ele e cuidei que, ao invés de cumprir o que havia me pedido, eu devia ocultar-me atrás da porta.

Meus irmãos foram então passando. E sem que eles reparassem havia em minhas mãos um retrato que eu ia minuciosamente comparando, escondido atrás da porta, com a fisionomia atual de nosso pai.

O velho carregava naquela hora uma vasta cabeleira grisalha, descendo sobre a camisa azulada de tergal, o que lhe acrescentava um tom de jovialidade.

Sendo assim, dei por certo o seu engano e sai para providenciar um espelho para que ele pudesse olhar-se.

Quando retornei meus irmãos estavam sobressaltados caminhando ao redor da casa. Um deles revirava as gavetas da cômoda e minha mãe chorava num canto do quarto.

Corri até a porta e fui percebendo que a cadeira da varanda estava vazia e um pequeno corpo desdobrava-se para dentro de um RELÓGIO...

menu
Lista dos 2201 contos em ordem alfabética por:
Prenome do autor:
Título do conto:

Últimos contos inseridos:
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente
http://www.gargantadaserpente.com.br