Bão, nóis vai cantá, despois nóis insprica. A moda
se chama-se, "Devorção do Zifirino", e é ansim:
conde cheguei na picada
fazeno meu cigarrin
turrô a onça maiada
um urro pertin ansin
mainei iscondê impossive
a bicha oiano pa mim
cadê as arma num tem
tava memo nos meu fim
foi antão qui alembrei
dos voto que fiz co padin
oiei po céu e rezei
padim alemba de mim
conde virei pa oiá
a bicha tava parada
eu pricurei que qui hái
a bicha dixe né nada
socê induvida do causo
proque num sabe qué fé
proque o padin me potrege
nas andança dos meu pé
Os causo do Zifirino ca onça, foi memo conticido. Eu insprico que qui foi
caconteceu, proque foi mei deferente da moda qui nóis canta: Nóis
tinha um pratão quera memo um ome munto rico, qui tinha memo munta fazenda,
munta gadama insparramada presses Brasios do meu Deuso. Intonce o ome cos povo
té chamava Zé do Gado, tanto quele tinha das cabaça dos trem,
incontratô nóis, pa levá u'a cumitiva de gadama pros Mato
Grosso afora. Nóis memo, já aconhicia a fazendama dos pantanal,
e eu memo já havera de tê ido u'as treis ô quatro veis nes'tempe.
Ma o Zifirino memo, era um pião dos novo, sens periênça, e
quiria proque quiria i ma nóis, e nóis na malandrage qui só,
já fumo aprivinino o mulecote, caquele mundão num era coisa pa frangote,
qui nóis tava canso de infrentá as onça cara a cara, e queu
memo já inté tinha cortado u'a nos canivete...
Conde nóis contava a istora, o raspais zoiava nóis cos zói
mei ispantado, e retrucia nas cadera, ma cuma nóis tava memo aprovocano
ele, foi quele quiria proque quiria, proque num achava de memo qui nóis
tava falano as verdade.
Bão foi intonce qui pareceu essa viage mema po pantanal. E cuma nóis
já tava de andá nos nosso cunhicido, nóis ja sabia qui lá
tinha onça memo, proque o seu Zé do Gado, num dexava ispantá
as bicha e nem matá procauso dum tale Imbrama, e pa mansá as daninha,
já criava u'a manada de cateto, e otros porco dos mato. Quera memo pas
bicha cumê de vontade, e num atentá nem memo os animaos, nem memo
as geste.
E foi qui nóis ficô sabeno quessa dita onça, era memo das
mai mansa no quintal, e qui só memo andava de bucho chei, e qui tava memo
costumada andá properto dos rancho. Mas nóis num contô nadinha
pro besta do Zifirino. Nóis tava tudo mundo incombinhado de passá
um sustama no pião qui se proseava memo de ome valente, ma nóis
sabia qui borrava de medo.
Bão, daí cê sabe que eu ma o cumpade Bulico num era gente
dos tanto qui nóis era memo debochado, e o cumpade munto mais ainda, proque
ele num presta té hoje, de tanto qui gosta dos mar feito, e nóis
tava andano nos camim e o cumpade preguntava preu lá de longe quera po
minino iscuitá e sustá:
- Em cumpade, será qui lá inda havera de tê munta onça?
- Só se fô das pantanera, cumpade!... - já arrespostei, memo
cunhicido dos debocho do cumpade.
- Vixe Maria!... Cruz Credo cumpade, dis quessa pantanera é munto braba
memo!...
-Ô se é!... Cê cunheça as pantanera, cumpade?
- Cumpade, pa falá vredade, só memo cunheço de vista, proque
já vi u'a daninha dessa conde um dia cumeu um marruá.
- Cumpade do céu!... Intonce a bicha deu de conta de cumê um marruá?
- Só no armoço. Proque nas hora das merenda, a bicha já tava
memo precurano um rapaizim, ô u'a coisa ansim ma leve pa tirá gosto
de subrimesa.
De veis in quano, nóis passava os rabo dos zói pa vê so Zifirino
tava memo teressado nas istora. Conde nóis via os zói regalano pa
nossa banda, nóis ficava ma tusiasmado, e progrodia as prosa. Dava inté
dó de vê os zói do minino, ma nóis ficava bem do sero
memo, quera prele ficá memo sustado. Intonce nóis prossiguia cas
prosa, e os otro ficava tudo pareceno tenção ne nóis e no
minino.
- Ma em cumpade. Dis qui tem tamem u'as pintada, qui come tamem qui só
lima kf?... - Era a prosa das onça progrodino.
- Cê tá rifirino é as maiada?
- É...
- Bão cumpade, essa bicha é qué memo das pirigosa, proque
chega memo té nos quintal dos rancho, e conde vê gente, esse gente
num iscapa nem cum reza de treço.
- Cumpade do céu!... Intão a bicha é tirrive memo!...
- E oia qui é mais do qui tirrive!... É memo mistirrive.
Mistirrive, não cumpade!... Zistirrive!...
Conde o cumpade proseô essas prosa dirfice, eu quais num memo aguentei de
tanto qui quiria rí, ma o cumpade feis um geito preu ma guentá,
e eu memo já tava quereno num ri, quera pa ri munto mais despois.
Bão daí, pa risumi a istora, nóis chegô, e sentô
praça nos campamento, e já todo mundo ficô de visado quera
memo pa fazê as nicissidade mei longe dos rancho quera pa nóis num
tê qui pisá nos barro de seu ninguém, conde nóis tivesse
pro vorta dos rancho.
Ma num é de vê que a coisa deu memo certim, proque o Zifirino foi
fazê as cagança dele pros lado das picada, e condefé, u'a
onça turrô bem de perto memo dele, qui o danado té cagô
nas carça. Se bão qui ele proseô, qué proque num deu
tempe de passá nem u'a foia nos foifóis, e é prisso quele
vei mei fedeno dos mato, inda cas carça na mão.
Foi antão qui nóis feis essa moda qué das mió dos
catira qui nóis canta. Só qui nóis tirô u'as parte,
qué pa podê cantá té onde tivè muié,
e ma gente de famia.