A Garganta da Serpente
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Doces calçadas

(Anderson Fabiano)

Vago por calçadas da minha cidade buscando reunir meus fragmentos, desvios e amores perdidos no tempo.

Tento rever atalhos onde me extraviei, expiar erros e entender meus idos.

Piso meus passos sem me dar conta que sob essas mesmas pisadas, existiram outras que transportaram esperanças, encontros, encantos e um pedaço da história que passou por aqui.

Em quantas gotas de pranto, suor e sangue apóio minha busca e meu caminhar claudicante de poeta remendador de emoções?

Egoísta e consumido pelas angústias que produzo, não atino que esta calçada e toda sua história é hoje, de uma forma ou de outra, o chão que me sustenta. Diferente de outros que me foram tomados em incontáveis vilanias.

Com todos seus buracos e imperfeições, esse chão é a base onde finco meus sonhos. Ele, distraído de mim, até permite o atrevimento de um matinho no canto, expondo sua única flor.

Aprumo o passo, reergo os ombros, oculto a lágrima e premio-me com o primeiro sorriso do dia, ainda que o dia já se despeça.

Consola-me olhar para trás e ver que a grama ainda nasce por onde passo.

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