A Garganta da Serpente
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

O patinho encantado

(Alberto Metello Neves)

Em uma tranquila fazenda de Minas Gerais, existiu um lago de águas claras muito bonito, cercado de grama por todos os lados e que era a atração daquela propriedade.

Todas as manhãs ensolaradas, nadavam vários patinhos amarelinhos e entre eles, uma pata muito vistosa, por ser esbelta.

Dona Pata, como era conhecida, colocava seus ovos em um ninho que ela mesma fez, próximo a uma pequena mata que existia em um dos lados lago.

Depois de chocar os ovos, nasceram quatro patinhos, três amarelinhos e um muito diferente dos outros. Como era estranho...

Era muito esquisito! A sua cor não era amarelinha, ele era menor e muito feioso.

Sofria por isso toda a sorte de humilhações. A Dona Pata, sua mãe, não lhe dava qualquer atenção, por causa dessa feiúra toda.

Esta atitude da mãe que rejeitava o seu filhinho e dos irmãos que o maltratavam, trazia uma grande tristeza para o Feio, como era conhecido, por se sentir discriminado.

Ao anoitecer, os irmãos do Feio ficavam abrigados junto com a sua mãe e ele tinha que buscar em um cesto de vime, perto da cocheira, o seu abrigo para se defender do mau tempo, dos meninos que lhe atiravam pedras e paus e também dos outros animais que também o molestavam.

O que mais entristecia o Feio, era o desprezo que lhe haviam dado, simplesmente porque era diferente de seus irmãos.

Feio aceitava tudo com a maior humildade, mas tinha a esperança, que alguma coisa viria compensa-lo.Era muito paciente. Haveria de ser vitorioso de alguma forma. Disso ele tinha a grande esperança, que de que algum dia, a justiça seria feita, porém não sabia onde, como e quando.

Não sentia inveja dos irmãos.

Ele era muito bom e essa bondade seria recompensada de alguma forma.

Certa noite de lua cheia e o céu estrelado, já bastante tarde, Feio escutou uma voz muito mansa e bonita que o chamava:

"Feio, venha até aqui. Não tenha medo porque não vou lhe fazer mal algum.

Eu sou a Fada Azul e vou lhe dar um presente."

Você vai sair daqui.

Será transformado no belo ganso branco, quando encontrar os outros "irmãos" que vivem na lagoa, numa fazenda distante daqui, será transformado num belo ganso branco.

Ninguém vai lhe reconhecer. Nada mais de ruim vai acontecer a partir d'agora.

Vou-me embora, mais quando você precisar de mim, é só chamar a Fada Azul, que eu virei ajudá-lo.

Adeus, e partiu...

Feio escutou com muita atenção e fez um juramento para a sua consciência, de não passar mais pelos maus - tratos e humilhações que vinha sofrendo.

No dia seguinte, logo cedo, foi procurar a lagoa que a Fada havia falado.

Passou por muitos apuros.

Porém, a recompensa chegou. A Fada apareceu e lhe deu muita coragem e fé.

Depois de muito andar, encontrou um bando de gansos, que o convidaram a ficar com eles.

A Fada foi tão boa, que além da proteção encontrada com os gansos, ela o transformou num esbelto ganso branco, mais bonito que os outros.

Apesar de tudo o que havia acontecido, ele não guardou mágoas D. Pata e nem dos seus irmãos. Voltou até a lagoa onde moravam e contou para a sua mãe tudo o que havia acontecido.

Disse que estavam todos perdoados, mas que o seu verdadeiro lar não era ali e sim ao lado dos outros gansos, na lagoa dos Gansos Brancos.

Ficaram todos envergonhados por terem maltratado o Feio, que era o seu filho e seus irmãos. Nada responderam.

Nunca se pode desprezar um filho ou irmão por maiores problemas que eles tenham. E, se existem problemas, maiores atenções eles merecem. Após esta lição, tudo ficou bem.

(25/04/2005)

menu
Lista dos 2201 contos em ordem alfabética por:
Prenome do autor:
Título do conto:

Últimos contos inseridos:
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente
http://www.gargantadaserpente.com.br