A Garganta da Serpente
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Nuvens

(Alexandre Reis)

Luana Teixeira estava nas nuvens. Não. Não pense o leitor que falo em sentido figurado, e sim, no sentido real. Andava ela agora sobre lindas nuvens brancas, sorridente flutuava sobre elas e se deliciava com o vento forte que batia em sua face.

Não fazia ideia de como havia conseguido esta façanha, e nem mesmo de como viera parar ali, só sabia mesmo, que isto não era um sonho, não poderia ser, era real demais.

Como uma criança que descobre um brinquedo novo, ela andava e saltitava pelas nuvens brancas. Às vezes se abaixava e mergulhava nelas, para ver o que havia abaixo delas, e contemplava sua cidade natal.

Luana olha para o alto, e contempla o majestoso Sol que não era mais coberto por suas grandes inimigas, as nuvens. Ela olha para o alto e acena:

-Olá amiguinho! - Diz ela sorridente - Cuidado que em breve poderei estar ai te tocando.

Era uma pobre moça do interior, talvez nem soube-se que se um ser humano se aproxima-se realmente do Sol, morreria tostado.

Ela estava extasiada, nunca havia passado por uma emoção tão forte, estava onde desde pequena gostaria de um dia estar.

- Ah! - Suspira ela - Estou no Paraíso.

- Com toda a certeza - Diz uma voz misteriosa - Mas nem todos tem o direito de estar Nele, e você com certeza não é uma destas pessoas que tem este direito.

- Quem é você? - Indaga a garota, olhando para todas as direções e não avistando ninguém.

- Não se intimide - Diz a voz - Também não pertenço a esta região, mas me foi permitido adentrar este lugar, para levá-la aonde realmente merece estar.

Luana fica apavorada, não estava entendendo nada, afinal, ela não invadiu o local, e sim, fora colocada nele.

- Eu não entendo...

- Já irá entender.

A moça desesperada lembra-se que havia esquecido, de olhar por baixo das nuvens, talvez esta personagem esteja de baixo delas. Ela se abaixa e olha, mas não vê nada.

Mais alguns instantes e a moça se apavora, pois finalmente ela avista o rosto da personagem, que a faz saltar para trás de tanto horror e repulsa. Face esta que não me atrevo a descrever, pois seria um sacrilégio, dar espaço à formas tão tenebrosas, nestas linhas.

Após contemplar a imagem, o corpo da moça começa a ficar pesada e a afundar nas nuvens. Mais pesado fica, e ela desaba céu abaixo, desmaiando no meio do caminho.

Após alguns instantes, Luana abre seus olhos pela ultima vez, e contempla dois policiais, que observavam seu corpo moído pela queda. Estavam na frente de um enorme prédio.

De repente um policial sai do prédio e se junta aos dois que estavam com Luana.

- Foi o que imaginava-mos? - Pergunta um dos policias.

- Exato. Achei estas pílulas, no quarto desta pobre moça - Explica o policial que acabara de sair do prédio.

- Pobre menina - Diz um deles, abaixando a cabeça - Mais uma pobre vitima do LSD.

Luana fecha seus olhos, e não mais os abre.

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