A Garganta da Serpente
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Maria do Mar

(Armando Sousa)

Muitos anos atrás lá longe naquela faixa de terra que me viu nascer, a cada sol que nascia sem ser encoberto pelas nuvens entrava pela única janela daquela quase barraquinha encostada ao penedo grande que resguardava do vento norte e zimbre do mar.

Esta barraquinha foi construída pelas mãos fortes e pele queimada do João do mar e amigos, nome que lhe vinha de seu pai pescador nas fainas do bacalhau, onde passava metade de sua vida, e mais três quartos da mesma vida na pesca da sardinha, o povo lhe chamavam o Tapume do Mar.

João cresceu com seu pai olhando as estrelas que o guiavam na pesca da sardinha, e ainda novo seguia na campanha do bacalhau na Terra nova... ou como se diz em Inglês New Fund Land, mas sempre que chegavam da faina as moças do lugar organizavam bailes para cortejar os rapazes que 6 meses desapareciam imigrados do mar, tinham como pátria o navio, e como lugar o seu barco dorei e seus anzóis, encantados pelas notas que poderiam ganhar como embarcadiços.

Todo aquele tempo no mar depois de estender seus anzóis que tinham preparado com iscas de doze sardinhas que recebiam; cortadas em muitos bocados, para aumentarem mais a chance de encherem o barco de pescado; estes pescadores se deitavam no fundo do barco esperando que as sereias ou as mossas da terra os viessem levantar do sono, para os levar para loucos e inimagináveis prazeres onde os lábios das sereias vermelhos e grossos se tornavam no único sexo que João amava da sereia e único que conhecia, a beleza e meiguice desses arcanos do mar eram as criaturas mais desejável no sonho. Outras vezes vinham as moças da terra ao sonho, corriam por entre o centeio, onde os rapazes procuravam ver e sentir o mistério que existia ao cimo das pernas, naquele sitio onde existia o infinito da vida; por onde vida nascia e a loucura do prazer morria por estantes.

Numa dessas corridas verdadeiras, Maria, que era louca por João do Mar, se deixou cair entre as palhas amarelecidas e macias do centeio, esperando o desconhecido com que João do mar também sempre sonhava; esta queria ser a Maria do Mar esposa de João e ir viver para a barraquinha virada ao sul, livre do vento norte do mar, e receber as caricias do sol da manhã, e ver o mesmo descer no disco infinito daquele mar que a enfeitiçava, ao ouvir as historias de sonho de seu João que tanto adorava, desde aquelas corridas de criança no meio do milho ou centeio, aqueles sonhos loucos com as sereias quando este adormecia no fundo do seu dorei esperando que o bacalhau mordesse o isco, ou ver e acariciar onde terminariam suas belas pernas, fonte da vida.

Maria e João estavam loucos de prazer, Maria sentia suas entranhas abrir em dor e prazer, como um botão abrindo em flor, os dois rolavam fazendo mil promessas de amor; ela seria a Maria esposa de João do Mar.

Os preparativos do casamento iniciaram-se, e havia azafama na aldeia piscatória, barcos se engalanavam, os amigos levariam os dois noivos a se unir, iriam todos em procissão fazer votos há rainha do mar, esboço rupreste gravado no penedo da gruta, talvez cinzelado pelas águas ondas e espuma, pelo sol ou o vento, mas o esboço era uma imagem bem visível doma sereia, aquém os pescadoras adoravam e temiam a considerando Rinha do Mar; ali João e Maria do Mar juraram fidelidade que apenas poderia ser quebrada pelo sonhos, a dormir a mente teria liberdade de quebrar promessas e satisfazer o desconhecido da mente dos poros de suor, o gustativo do pensar viajando num alem desconhecido dum viver de prazer que apenas a morte pode explicar.

Poucos dias depois João partia para a Campanha do bacalhau, deixando Maria do Mar fervendo do prazer louco a que se habituara naqueles poucos dias de amor.

Maria satisfazia todas as loucuras que João sonhara com as sereia, amor que esperava ser para a vida.

Na noite antes de João partir para a campanha do bacalhau, foram os dois visitar a rainha do mar, e perante aquele esboço e promessas adormeceram.... vieram os sonhos lindos e cheios de prazer.

Maria sonhando... encontrava-se deitada no penedo que abrigava sua casinha do vento do mar norte, enquanto esperava por seu amado...a ela chegou um lindo e fogoso cavalo Marinho, este desafiou Maria a ir ver as maravilhas do mar. Os corais, as conchas com pérolas negras, pequeninos bugios de diamantes e o verdadeiro prazer, o encontro com seu João do Mar, tudo isto antes de acordar.

Maria concordou, entrou nua no mar e montou no cavalo marinho que principiou a cavalgar nas ondas: Ho... o prazer de saltar no cavalo era indescritível, este principiou a crescer seu sexo no dorso, e a penetrar em Maria, levando-a ao delírio do prazer da loucura voluptuosa do querer mais e mais; Maria depois do adorar a Rainha, e do seu adormecer... vivia apenas no sonho que também é viver.

João no seu sonho de loucura, estava no seu barco a pescar, as sereias com ele a fazer amor, estas o levaram para a praia onda as moças do lugar o encontraram nu principiando uma brincadeira louca quando ele não tinha mais para dar, aflito o fez acordar, Maria acordada também envergonhada de todo seu vaie vem...

Maria confessou seu sonho ao seu marido João... dizendo, vivendo amor, eu te adoro de meu coração, e não te quero perder contigo quero sempre viver... João confessou onde esteve e a aflição que o fez acordar, dizendo, Querida não, não te vou deixar, podemos ser pobres mas juntos na nossa casinha... os dois viveram das ostras e da sardinha.

Um dia, os dois mergulhando na cave do penedo da rainha, entraram numa galeria onde sonharam ter visto clareza do dia, foram dar a uma quase ilha dentro da cave, ali as ostras eram grandes e diferentes, muitas continham pérolas negras e cor do vinho, os dois abriram o suficiente para fazer um colar que era uma riqueza.

Maria e João do mar se orgulhavam de seu segredo, e do único colar que já mais tinham visto nos mercados por onde passavam.

Um dia veio uma Rainha passar e ver a beleza daquele lugar, ela viu Maria com seu colar nunca visto igual, logo o quis comprar, Maria não o queria vender, mas tinha medo de seu poder, lhe propôs um preço para a Rainha não aceitar...

Disse, senhora: este colar é único: aqui precisamos de casas para os pescadores, e uma estalagem para os visitores, não temos outra coisa a oferecer...

A rainha sorriu e mandou erguer uma vila, ao lado do penedo uma boa estalagem que lhes foi dado o nome Estalagem Maria do Mar,

Junto ao mar Maria E João explorando a estalagem viveram muito felizes sem nunca ter ciúmes dos sonhos, mas sabendo que sonhar é também em muitos sonhos um verdadeiro viver, estes sabem que o momento pode encaminha todo o ser humano para o prazer, assim quiseram viver a vida juntinhos, e de seu amor nasceram seu filhinhos todos baptizados na gruta da deusa do mar.

Maria e João do mar, sabem que a mente que criou as sereias tem muitas historias para contar, das fadas andinas e arcanos do espaço e do mar.

Se quiseres amigos e amigas eu mesmo um dia voltarei para vos escrever, se vos gostais de passar tempo a me ler.

(20/2/2006)
menu
Lista dos 2201 contos em ordem alfabética por:
Prenome do autor:
Título do conto:

Últimos contos inseridos:
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente
http://www.gargantadaserpente.com.br