A Garganta da Serpente
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Pequenas taras

(Barbara Amar)

Vestida de lascívia ela subiu no teto do sedan cinzento. O marido, sentindo-lhe a presença, movimentou-se debaixo do carro:

- Ei, princesa! Não vá cair.

Sem responder, ela começou a se rebolar voluptuosamente. Não usava calcinha.

- Linda! Espera só eu sair daqui.

Albenia riu excitada. Pedro, todo sujo de graxa, pareceu-lhe engraçadíssimo naquela posição. Só eram visíveis sua cabeça e metade do corpo. Mais lembrava um boneco desconjuntado. Mandou-lhe um beijo com os lábios e, cuidando em manter o equilíbrio, levantou o vestido até a cintura.

- Mas que fêmea louca, essa minha!

A parte da frente do automóvel mantinha-se erguida graças ao "macaco". Pedro, mais uma vez, avisou-a para que se cuidasse.

- Ah, meu amor. Acaba logo com isso e vamos brincar aqui mesmo.

Ele entendeu a mensagem. Gostava da sensualidade escrachada da mulher. Voltou rápido à posição inicial, não sem antes dar uma boa mirada na genitália que o desafiava lá do alto.

Sem mais nem menos Albenia pôs-se a pular furiosamente. Ignorando as admoestações do marido, caprichou em seus esforços fazendo o carro vergar.

Só parou quando escutou o grito medonho, misto de dor e surpresa. Desceu com cuidado. Não queria manchar os pés, descalços, no sangue que se espalhava rapidamente. Voltou para casa sem olhar para a massa disforme que jazia inerte. Tinha muito ainda o que fazer. Adeus!

Uma nova vida se descortinava para ela.

(07/02/03)

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