Era um chão de pregos em brasa. Na medida em que corria, os pregos
cravavam nas solas descalças dos meus pés, que já estavam
que era uma ferida só.
Não sei se o que doía mais era o enterrar dos pregos ou o queimar
dos pregos. Corria desesperadamente e na medida em que dava um passo à
frente, o chão atrás de mim ia desmoronando, abrindo um imenso
precipício. Era uma sensação terrível, aflitiva,
e eu estava muito cansado, quase que não aguentando a carreira contra
o tempo e contra o chão que ruía. E tinha os pregos que me causavam
dor sobre-humana.
Foi quando ouvi a voz que me disse que eu já poderia fazer uso de minhas
asas...