A Garganta da Serpente
>Carlos Vanilla
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Os quatro noturnos

(Carlos Vanilla)

Era uma vez uma fazenda muito grande era impossível medir a sua extensão de terra, e existiam gados que pareciam uma manta branca pelas terras do fazendeiro Chico Tenório, um homem muito rico, ele tinha um grande bigode, usava um lenço de seda no pescoço e seu chapéu velho o "Panamá", era casado com uma mulher de alta classe que vivia na capital Baiana, o pessoal na fazenda dizia que ela mexia com pano caro, mas na verdade ela era estilista de renome.

Era uma mulher muito linda, morena alta de cabelos compridos até a cintura de cor petróleo, olhos castanhos comum, a coisa que ela mais detestava e odiava de coração na vida era aquela fazenda; por ela a fazenda já estava vendida para sempre.

Deste matrimônio meio indefinido e conturbado nasceu o Chiquinho Tenório, um menino muito especial de idade de sete anos, mas o seu olhar era sempre de tristeza, pois vivia muito sozinho, de vez em quando sua mãe o levava para a capital para brincar com seus amigos de sua mãe, mas aquelas crianças só falavam em figurinhas de colar e jogo do bafo e era coisa que Chiquinho não entendia ainda, pois menino nascido na fazenda é complicado, não sabe de nada.

E Chiquinho retornou para o interior, o seu pai se mostrava ser um ótimo ator para as pessoas , mas para o seu filho era a pior pessoa do mundo, pois todos os dias Chiquinho Tenório apanhava... apanhava... por qualquer coisa e ele já foi até vítima de abuso sexual por três vezes e na quarta conseguiu fugir pelo mato, mas graças aos empregados do seu pai ele foi salvo.

Dia vinte e quatro de maio à noite:

Chiquinho está no quarto com os seus livros de colorir que ganhou da mãe, o seu pai chega bêbado e a primeira coisa que ele grita é no Chiquinho, Chiquinho cadê você?

Nisto o menino prometeu que nunca mais o seu pai encostaria a mão nele, ele pega uma faca de cozinha e sai correndo no meio do mato, e entre os capim ele senta, e começa a chorar e muito .

No momento que Chiquinho pensava sobre a sua vida de transtornos e angústia apareceu uma menina, ela era a coisa mais linda do mundo, parecia uma japonesinha.

Menina: __ Ei! Porque estás chorando alguém te fez mal?

Chiquinho: __ Sim! O meu pai!

A menina era a coisa mais meiga que já se viu, era muito compreensiva. E Chiquinho inocentemente pega na sua mão, que de imediato tudo aquilo que ele sentia desaparece.

Na fazenda o beberrão do Chico Tenório, enchia mais a cara, ele queria sair para ver se achava o Chiquinho, pegou a chave do carro, mas não conseguiu ligar, então viu uma bicicleta velha que era de algum empregado que deixou na fazenda e montou e quase cambaleando pedalou até chegar numa ribanceira, estava muito escuro e quando pedalava a bicicleta sentiu algo na traseira da mesma, era pesado, e descendo naquela loucura de velocidade a bicicleta veio a cair e como Chico Tenório era cabra valente e bom de briga queria saber quem estava lá.

Chico Tenório: __ Cabra da peste, tu pareça aperriado , que o coro vai comer!

A voz: __ Tenório não está na condição de juiz e sim de réu!

Nisto ele escutou um zumbido pelo ar, era o barulho de um chicote nas costas de Chico Tenório.

A voz: __ Isto é pra tu aprender a não bater no Chiquinho cabra da peste e nem molestar seu chibungo.

Chico Tenório não conseguia ver a pessoa pois parecia estar invisível, ele dava soco no ar e nada. E pelo jeito Chico Tenório apanhou a noite inteira, pois levou um punhado de chicotadas nas costas.

Enquanto isso a menina que se identificou que seu nome era "Clara" e eles passeavam entre as árvores da fazenda.

Clara: __ Quero que conheça o meu irmão Thomaz !

Thomaz: __ Olá Chiquinho! Como é bonito aqui as árvores o ar limpo, os animais brincando. Quero que você conheça os nossos pais, esta é a minha mãe a Ana céu.

Chiquinho: __ Nossa como a sua mãe é alta!

Ana céu: __ Chiquinho alguém disse que você é uma gracinha !

E Chiquinho fica todo vermelho.

Clara: __ Olha o meu pai está chegando !

Pai: __ Oi Chiquinho como você está?

Chiquinho: __ Nunca me senti tão bem na minha vida, qual é o seu nome?

__ Meu nome é Abba, eu estive conversando com seu pai, eu acredito que a partir de hoje ele será uma outra pessoa... Bom chegou a nossa hora de ir embora.

Neste exato momento no céu começa acender filetes de luzes um por um que são no total de sete filetes e Chiquinho vê aquela maravilha em seus olhos, o contorno um fogo a revolver-se nela dando formas de um prato gigante. E Chiquinho se atreve a fazer uma pergunta:

__ Será que eu posso ir junto com vocês?

A menina clara estende a sua mão, isto era um sinal que Chiquinho estava embarcando naquela aventura e mundo cheio de descobertas. O mais engraçado era que Chiquinho não conseguia ver que na verdade eram seres do espaço e de aparência assustadora, de corpos finos e altos de olhos grandes siameses, mas Chiquinho não enxergava com os olhos externos, sim com o seu grande coração.

Até hoje a sua mãe o procura e não acredita nas histórias dos empregados da fazenda sobre a roda de círculo queimado que estava no chão. Até hoje Dona Sinhá a cozinheira da fazenda fala que os anjos o levaram para uma vida melhor perto de Deus.

Chiquinho está na enorme lista dos desaparecidos e ele desapareceu em 24 de maio de 1978.

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