A Garganta da Serpente
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Tutamentum

(Sarah D.A. Lynch)

Eu estava dançando, e ele fez troça de mim.

Olhei-o de longe - franzino, nariz levantado como se fosse dono do mundo. Todo vestido de branco. Fingi tropeçar e apertei a lata de refrigerante contra seu peito, lançando uma chuva marrom sobre a brancura de sua roupa. Ai, meu querido, desculpe! Olha, eu tropecei...

Ele ficou parado, apoiado de costas contra o corrimão, encarando-me em desafio. Coitado, tão jovenzinho! Você riu de mim, seu verme. Você riu de mim.

Olhei bem dentro daquele rosto ainda imberbe, seguro, orgulhosamente irado, sem me mover e sem piscar. O tempo foi passando, e com ele a empáfia do menino. Seu corpo foi se esvaindo. Daí ele titubeou e começou a cair. Seus amigos o ampararam e o levaram embora, inconsciente.

Fiquei ali sentada, olhando fixamente para o lugar onde ele estivera. Levantei e passei os dedos pelo corrimão. Estava encharcado de sangue. Lambi as mãos, sujando a cara e a roupa.

Pobrezinho... era tão jovem! Por que foi fazer troça de mim?

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