Eu estava dançando, e ele fez troça de mim.
Olhei-o de longe - franzino, nariz levantado como se fosse dono do mundo. Todo
vestido de branco. Fingi tropeçar e apertei a lata de refrigerante contra
seu peito, lançando uma chuva marrom sobre a brancura de sua roupa. Ai,
meu querido, desculpe! Olha, eu tropecei...
Ele ficou parado, apoiado de costas contra o corrimão, encarando-me
em desafio. Coitado, tão jovenzinho! Você riu de mim, seu verme.
Você riu de mim.
Olhei bem dentro daquele rosto ainda imberbe, seguro, orgulhosamente irado,
sem me mover e sem piscar. O tempo foi passando, e com ele a empáfia
do menino. Seu corpo foi se esvaindo. Daí ele titubeou e começou
a cair. Seus amigos o ampararam e o levaram embora, inconsciente.
Fiquei ali sentada, olhando fixamente para o lugar onde ele estivera. Levantei
e passei os dedos pelo corrimão. Estava encharcado de sangue. Lambi as
mãos, sujando a cara e a roupa.
Pobrezinho... era tão jovem! Por que foi fazer troça de mim?