A Garganta da Serpente
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Menina, mulher ou mãe simplesmente

(Edmar Alves)

A todas jovens meninas, que pelas ruas de nossas cidades retratam as duras realidades, dessas que hoje estão representadas pelas incontáveis mães brasileiras.

Negras, brancas, pardas, índias, não importa! Muitas vezes oriundas de berços desconhecidos, mal definidos, de gritos suprimidos da dor de um gemido nunca ouvido, mas sempre expelido, de um peito ardido por muitas angústias sofridas nas noites frias de temor que culminam no horror daquelas que amam sem pudor. Olha seu rebento de amor que desde quando chegou, alimenta-se do furor de sofistas doentes, mas sempre eloquente, destilam seu veneno em corpos pequenos; porém, fortes o suficiente para acomodá-los em suas vidas como recipientes de algo indecente genitor e docente de grandes incidentes que a nós nos chegam como acidentes só distinguido em menina, mulher, ou mãe?

- O que fazer quanto a meu rebento, se lhe escrevo um acalento e ele não sabe ler?

- Como a distância me pedirá instruções? Aquele que ainda não descobriu como transformar os semáforos de trânsito em dedicados docentes de meninos carentes nas cidades envolventes dos que não sabem escrever.

- Quanta vezes chorei ao ouvi-lo dizer que um dia, um dia, ele chegará lá. Diante de tanta inocência, para mim com tanta experiência, finjo acreditar. Sussurro bem baixinho para não despertar no ninho a dor da incerteza, daquela que a dureza do dia a dia roubou-lhe a fé.

- Por que lutar para que cresça a árvore e floresça, se os frutos não virão? Sei que do espinheiro não nasce nem mesmo limão. Ah! Quem me dera se um forte vento soprasse sobre ela pequena, inocente, singela e a arrancasse deste chão.

- Dizer-lhes que a vida não dera nenhuma lição, não será mais possível, para aqueles que como EU; aprendeu alguns pronomes e verbos; sobre tudo os que mais uso são: Eu perdi, chorei, sofri; Tu vistes e ouviste e Eles venceram.

Apesar de tudo isso ser uma grande realidade em nossa nação; deixe-me continuar na ilusão que nos é peculiar, pois do contrário serei sempre menina ou mulher, e nunca alcançarei o divino e soberano posto de ser Mãe Simplesmente.

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