Eu, naquela época, vivia atrasado, estressado e preocupado em alcançar
sucesso comercial com a minha banda. Eu perdia o ônibus, perdia o trem,
perdia o bonde da História, mas jamais perdia as esperanças em
encontrar algo que me fora aconselhado uns anos antes: a Potencialidade Musical.
Eu não deixava um segundo sequer de procurar a tal da Potencialidade
Musical. Certamente vocês vão se perguntar "mas que porra
é essa?" Ora, a Potencialidade Musical é a Potencialidade
Musical. É um conceito autoexplicativo. Obviamente, eu sabia que não
iria encontrá-la assim no mais. Todavia, não deixava de procurá-la
e sonhar com o dia que eu a encontrasse. Eu dividia meu tempo entre minha banda,
a busca incessante pela Potencialidade Musical e uma amizade colorida que eu
tinha, Josephine.
Então, certa vez enquanto eu transava com Josephine tentei comer o seu
cu. Ela sempre me negava, mas naquele dia parecia estar afim. Ela virou a cabeça
para trás e disse a frase que eu jamais esqueceria nos anos vindouros:
"Aiiiiiii, será que entra?" Eu respondi que sim, bastava dar
um boa cuspida na cabeça do caralho e meter com cuidado. Ela aprovou
a ideia e depois desse dia só quis dar o cu. Essa pequena e banal
crocância sexual serviu como uma forte reflexão para mim. Afinal,
eu poderia estar procurando a Potencialidade Musical nos lugares errados.
Eu fazia sexo com Josephine de uma forma muito estranha. Ela parecia não
gostar de dar a boceta. Isso mudou no dia que ela descobriu que, o meu pau não
só entrava muito bem em seu pequeno e róseo cuzinho, como ela
gozava muito mais intensamente através da penetração anal.
Refleti durante muito tempo, e devido a essa analogia (sem duplo sentido por
favor) descobri que eu estava procurando a Potencialidade Musical nos lugares
errados. Eu devia, urgentemente mudar meu foco, a fim de encontrar a lendária
Potencialidade Musical. Certamente não haveria uma enorme placa luminosa
no meio da rua com os dizeres POTENCIALIDADE MUSICAL.
Procurei debaixo das mesas do bar, em cemitérios detestados pela lua,
em ônibus lotados e até mesmo numa pequena ilha perdida num rio
ou lago também perdido de uma exótica cidade do extremo sul do
Brasil. Nada. Há meses eu procurava. Nada. Eu já começava
a acreditar que a tal da Potencialidade Musical não existisse de fato.
Foi quando voltei à casa de Josephine. Eu só ia lá quando
precisava fazer sexo. Era batata. Mas ela sabia e concordava, até achava
meio excitante isto. Saber que um macho a procurava esporadicamente para dar
uma boa gozada sem compromisso. Além do mais ela me amava. Eu também
a amava, mas do meu jeito. A gente se entendia.
Entrei então pela porta da frente, apesar de no sexo ela gostar que eu
entrasse somente pela porta de trás. Arranquei a roupa dela, a joguei
no sofá e transamos um tempão ali mesmo. Quando eu estava quase
gozando pedi para gozar nos peitinhos de Josephine. Ela assentiu com um sorriso
safado. Então ejaculei sobre os peitinhos e a barriga dela. Ah, que delícia!
Fiquei atirado num canto procurando um cigarro e absorto em meus pensamentos,
tentava imaginar algum lugar no qual eu ainda não havia buscado a Potencialidade
Musical. Foi quando ela, ainda com o sorrisinho safado na cara vermelha e suada
de tanto trepar, passou a unha do polegar esquerdo sobre a minha porra derramada
em seu ventre, levou até a boca, deu uma leve lambida e exclamou: "Ah!
Esse gostinho que eu gosto tanto!". Nossa. Quase tive uma síncope.
Era outro sinal.
A Potencialidade Musical não devia estar somente nas músicas que
eu gostava. Eu deveria, imediatamente, procurá-la em discos de heavy
metal! Correndo me vesti e fui em direção a uma pequena loja no
centro da cidade. Entrei lá e, malandramente, consegui roubar dois cd's
de heavy metal. Voltei correndo para a casa de Josephine e fiquei escutando-os
durante dois dias seguidos. Tomando café, fumando e ouvindo heavy metal.
Josephine que gostava somente de punk rock me deixou só e foi para a
casa de sua mãe. Aliás, sua mãe também gostava de
punk rock e estava muito preocupada comigo. Mas elas já estavam acostumadas
com meu jeito excêntrico.
Ao cabo de dois dias eu sabia todos os acordes e letras daqueles malditos discos
de heavy metal. Mas continuava sem ter encontrado a Potencialidade Musical.
Fiquei deprimido. Mesmo depois dos sinais claros que Josephine havia me dado
durante o sexo eu não havia conseguido me transformar naquilo que eu
almejava: o detentor da Potencialidade Musical. Como a minha banda dependia
disso para alcançar o sucesso e como eu não soubesse fazer nenhuma
outra coisa além de odiar trabalho eu fui prático. Coloquei Josephine
para trabalhar para mim como prostituta na Avenida Farrapos. Ela dá o
cu como ninguém e sua fama já chegou às outras cidades
da região metropolitana de Porto Alegre. Os negócios vão
bem.
Até tenho tempo de ficar aqui na Farrapos, no bar, bebendo cerveja e
escrevendo estas memórias.