A Garganta da Serpente
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Catarina

(Geraldo Crespo)

Catarina parecia ainda não ter percebido a minha presença. Em solavancos entro em casa e a sala me parece de uma imensidão ridícula. Cambaleio pelo corredor, mas também não pareço muito certo do objetivo. O banheiro parece que desapareceu.

Vejo os móveis e odeio as casas Bahia. Móveis limpos e 'perobados" pelas flanelas de Catarina. Alcanço a porta e sinto um calor infernal. A parede a esquerda, onde uma maldita textura foi colocada me apavora. Hoje eu não posso me arranhar.

Trôpego e seguindo em frente, vejo uma pequena fresta que parece me consolar. Sempre tenho lanternas, mas sempre desconfio de onde elas se encontram. Enquanto ando, meus sentidos estão em um ritmo que eu não consigo controlar, porem eu ainda tento alcançar meu banheiro.

Em segundos tenho a dúvida de que ele realmente exista ou se estou na casa errada e serei surpreendido por pessoas estranhas gritando ou me agredindo ou ainda quem sabe tentando ligar desesperadas para a policia.

Depois penso, bobagem! Estou em casa e só preciso de um banho. Meu estômago parece contraído e culpo a minha ultima refeição barata pela fraqueza que sinto. Odeio restaurantes. O lixo que consumi deve ter me desgraçado de vez.

Pego a toalha, estendida na maçaneta da porta e me dispo de vez e ando por cantos da casa. Vou ao quarto, ao banheiro e na minha sombria tentativa, a porta se abre.

O clarão da luz me ofusca e reconheço Catarina. Pergunto, por favor , onde está a minha toalha? Sem alarde responde:"O senhor ao conversar com sua sogra, seu sogro e a sua futura nora, a deixou cair lá no sofá da sala". Odeio Catarina!

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