A noite parece vazar como correnteza. Onde está Helena? Vejo as últimas
estrelas. A janela me parece pequena. Onde está Helena? Deixo o café
sobre a pia. Os primeiros raios de sol me trazem a bem vinda manhã. A
tua ausência me dilacera. Tento, sorrir e me acho ridículo. Onde
está Helena?
Enquanto os pardais festejam a manhã, eu vou em frente. Vivo a vida,
neste momento as duras penas. Onde está Helena? O mundo pode ser cruel
e o universo todo o mistério. Onde está Helena? Saiu. Não
viu as flores sobre a mesa. Rosas. Açucenas. Onde está Helena?
Deixou o vazio em meu peito. Quando voltar, vou me controlar e não fazer
cena. Onde está Helena? O dia parece se esvair. Ao pôr do sol,
não vejo graça. Qual graça? O sol se põe todo dia,
indiferente apenas. Onde está Helena?
Afinal me canso e volto ao leito. O tic-tac do relógio corta o silêncio.
O tempo não passa, envenena. Onde está Helena? A cama fria e imensa.
Reviro mais uma vez. O tédio me corta. Meu peito inflama. Onde está
Helena? Saiu de férias. Caribe. Quem sabe Atenas. Onde está Helena?
Onde está Helena?...