Quando os piolhos chegaram numa manhã de chuva, fincaram em mim aquela
bandeira. Senti uma dor na areia da minha pele. Estranhos, vestidos com panos
esquisitos, caminharam sobre meu corpo. Fediam, tinham hábitos horríveis.
Com o tempo, cortaram meus cabelos, quase fiquei pelado. Não satisfeitos,
começaram a cavar buracos por todo canto, meu rosto, então, que
estrago! Espetaram coisas em mim. Comecei a reagir no dia em que um punhado
deles aportou na minha barriga para fazer morada. Eita magote de bicho sujo,
mal educado! Quanto mais eles me depenavam mais eu fazia eles de besta.
Algumas vezes, esses hóspedes pareciam querer me destruir, outras vezes,
arrependidos, tentavam rebocar minhas feridas.
Dia desses, uns piolhos mais estranhos ainda, tentaram me invadir. Os meus parasitas,
coitados, com o chefe banana que tinham, não esboçaram nenhuma
reação, deixaram foi os portões abertos. Hoje entra todo
traste e leva o que quer de mim. Imagina quando eu tiver 1000 anos, já
completamente desfigurado, sem pé nem cabeça... porra, prefiro
uma bomba nuclear.