A Garganta da Serpente
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João Lenhador

(Jocimar Alvares Bueno)

Aquele rosto queimado pelo sol, abrasado a fogo, pele vincada e olhos cinzas, davam a João um semblante calmo e de confiança, de alguém que não resmunga, nada teme e nem se preocupa a todo momento ou por qualquer coisa. Corpo rijo, costas largas, pernas encurvadas para fora, como um antigo "cow-boy", vestimenta rústica, velha, mas limpa, azul clarinho, que um dia fora azul escuro, anil.

Para ele aquela era uma grande tarde de um dia especial, antecedia a mais um final de semana e o que mais a diferenciava das demais do mês e destacava importância; tarde de pagamento. De risos para os solitários fanfarrões, de preocupações para os casados com responsabilidade dos filhos, de longa meditação para os que ficam elocubrando e compõem planos para executar depois, sempre depois, num futuro que quase nunca chega.

Dentro de João havia algo de inédito, uma tênue rede que o envolvia e o intuía para que ele tentasse ser mais feliz, estava risonho por dentro, sentia-se mais bonito, mais humano, precisava fazer compras no armazém, embora fosse o mais próximo, distava três quilômetros do acampamento daqueles derrubadores e empilhadores de eucalipto tratado. Recebiam seus soldos por metro quadrado cortado e empilhado e João, apesar da idade um pouco avançada, ainda era o melhor de todos ali. Nos fins de tarde, finda a tarefa, com orgulho descansava seu machado de cabo preto, notava-se no seu natural sorriso de dentes amarelos e sadios, o ar sincero de agradecimento a Deus por conservar a saúde intacta. Sabia-se imbatível naquela arte, mas sobre isto nunca proferiu palavra, que não era de autoelogios. Podia-se ouvir João ajudar, dar apoio, quando alguns companheiro ameaçava esmorecer:

- Ei! Egídio! Deixa de bobage home, levanta esses braço e corta mais meio metro, prá mostrá pro seu corpo que ele tá é com preguiça. Moço forte e novo não desmorona não. Ei! Egídio! Vamo, vamo!

Não raro era ouvir-se de João tais palavras, também já fôra moço e sabia bem das dificuldades no início do ofício; lenheiro-cantador. Não era fácil fazer o pesado machado cantar na madeira de sangue seiva. Ele sabia. Necessitava de força mental, muscular, de abnegação e no fundo, no fundo, bradava uma forte e primitiva necessidade de sobreviver. Idoneidade imaculada, ganho correto, um viver discreto, simples, ereto, limpo.

Após aguardar alguns breves instantes numa longa e pululante fila, recebeu o dinheiro a que fazia juz. Que isto a empresa madeireira tinha de bom, pagava no dia certo, fosse chuva, fosse sol. Guardou o pequeno volume no bolso da calça limpa, que descansava pendurada no prego maior da parede interna do rancho, dirigiu-se com mais alguns companheiros ao límpido e transparente riacho, com o fito de banhar-se e expulsar o odor; misto de suor e fumaça.

Sentia-se bem disposto. Convidou Zé Congestão para fazer-lhe companhia até o armazém, mas este, de pronto recusou, desculpando-se e reclamando, como sempre, estar com dor de estômago, daí sobreviera-lhe o apelido. João mirou os companheiros muma folia grande e não querendo estragar-lhes o prazer do banho estapafúrdio, decidiu ir sozinho. Apanhou a toalha, que um dia fora felpuda, terminou de secar-se e voltou para o rancho, nu da cintura para cima, mostrando ao anoitecer chegante o dorso musculoso e brilhante.

Com roupa de passeio no corpo limpo, tocou para o armazém, por várias vezes seus dedos apalparam o pequeno volume que engravidava o ventre do bolso da calça, pensou em conferi-lo, mas desistiu. Para que ficar fazendo os difíceis e intermináveis cálculos que nunca o levavam à conclusão risonha? Era um enigma que morreria sem desvendar.

A tarde era um arremedo de clarão e aos poucos ia sendo engolfada pela escuridão, quando chegou ao pequeno armazém João:

- Boas noites pra todos.

- Boas noites. Responderam vozes espaçadas, roucas e apagadas. Parecia mais um jogral mal ensaiado de um circo decadente.

João encostou-se e estudou o ambiente. Estava tentando reconhecer feições, mas nenhuma das seis ou sete que ali se encontravam, trazia qualquer traço por ele conhecido. Encostou-se ao balcão, tímido, olhos assustadiços e baixos. Os dedos se mexeram e mergulharam no bolso superior da camisa, descobriu o pequeno papel com a relação das "coisinhas" necessitadas no rancho. Olhou vagarosamente para cima e interpelou o dono do armazém:

- Seu Zeca, quero fazê umas comprinha, faiz favô.

- Diga aí, João, vai dizendo. Respondeu o dono do armazém com enfado.

- Olhaí o sinhô memo, qui é milhó. . E riu para dentro, como se pedisse desculpas por alguma coisa errada que fizera.

Seu Zeca transportou para seu particular papel, onde acrescentaria depois o preço, a relação de mercadorias: dois quilos de arroz, cinco quilos de feijão, três cabeças de alho, meio quilo de cebola, um pacote de macarrão grosso, dois pacotes de farinha de milho, um quilo de carne seca, meio quilo de gordura fresca e dois sabonetes. Tudo em cima do balcão, seu Zeca perguntou:

- O senhor tem onde colocar as compras?

- Não sinhô. Se o sinhô tivé quarqué coisa no jeito...?

Ouvindo isto, seu Zeca arranjou logo um saco branco, vazio, que logo foi tragando compra por compra de João, com as mãos hábeis do vendeiro a arrumar. Depois somou tudo e mostrou. João olhou com desdém, puxou a dinheirama do bolso e pagou. Seu Zeca com olhos astutos, percebeu a fartura pouco comum e mais incendiou no lenhador a vontade de posse:

- Tenho umas meias fortes, boas e bonitas e um cinto de couro puro. Não quer ver seu João?

- Mostra. Respondeu sem pensar duas vezes.

Terminou por comprar dois pares, após um breve instante de indecisão na escolha entre a preta e a vermelha, mais dois cintos; preto e marrom.

Com moral elevado por causa da compra feita, pagou e pediu uma cerveja. Não bebia pinga por julgar forte demais e de difícil assimilação no estômago. Tomou um copo e descansou o quase cheio saco de pano, numa caixa de refrigerantes, vazia. Encostou-se na vitrine de doces e distraiu-se a encher e esvaziar lentamente o copo. Ficou a observar os tipos humanos que entravam e saiam do armazém. João matava o tempo, tentando consumir sua existência em minutos agradáveis.

Estava neste deleite, quando entrou um casal de caboclos. Chegavam também para fazer a "comprinha" do fim de mês. O caboclo retirou do bolso a sua relação de mercadorias e foi fazendo os pedidos. Estava com as vestes surradas, mas seu rosto ainda era mais. Encontrava-se visivelmente irritado, por motivo ou motivos ignorados. Era palpável sua instabilidade emocional. A mulher a tudo via e ouvia sem nada pronunciar, nem mesmo deixava escapar um suspiro cansado, de quem espera sem de nada participar.

Quando se apercebeu de que a compra do seu homem chegara ao fim, saiu do seu mutismo e falou lembrando:

- Eugênio..., e o açúca que nóis deve prá vizinha?

- O homem enfureceu-se. Da inquietação notada passou para a vociferação:

- Qui se dana, não devorve mais. Faiz di conta qui esqueceu.

- Mais Eugênio..., ela ajudô nóis, quando nóis precisamo, é de justeza agora devorvê. Retorquiu a mulher com fala mansa.

- Qui devorvê nada! Eles tem dinhero, nem vai si lembrá. Ocê tem mania de sê justa cos ôtros, mas quem é de justeza coa gente? Ninguém. Vê se larga de pegá mania desse jeito. Agora deu de maniá a toa.

Passado um curto tempo, o homem pediu um pinga cheia e de um só gole a ingeriu. Cedeu e pediu o açúcar. A mulher ouvindo o pedido, lembrou-o também do óleo que devia. Aí ele se enraiveceu, mirou-a com olhos colerosos, não contendo-se, virou-se para a pequena plateia, que por sua vez, não esperava pelo discurso:

- Essa muié só me dana! Num chega ficá o dia interu co'ela' na capinação..., pur isso não gosto de vim na venda com muié no meu rasto, acaba cum tudo qui é guardança qui si faiz. Deu um cusparada no chão, limpou os lábios com a rota manga da camisa e continuou a raivosa queixa discurso:

- Vê só, eu junto o meis interu, mais o dela e ela qué gastá tudo em paga prós outro, qui as veis nem merece. Muié besta!

Resmungando ainda, pediu outra pinga, que era para dar ânimo de iniciar a retirada e chegar ao ranchinho; pobrezinho, distante e enfumaçado.

Foi aí, que a mulher voltando à vida, como se nada tive pronunciado, presenciado ou ouvido, perguntou:

- Pronto, Eugênio?, já acabou de comprá?

Recebeu a pronta, fria e cortante resposta:

- Já sim. Muié besta!

Ela, novamente, pareceu nada ouvir, pediu para seu Zeca, que estava preocupado em arrumar a prateleira rente ao teto, um copo de água com groselha. Talvez fosse para aliviar o calor da fogueira em suas pernas repletas de veias verdes. Seu Zeca desceu da escada com notória má vontade e serviu o líquido vermelho. Enquanto ela absorvia a bebida, pensou: "Como está velho e feio o chapéu do meu homem Eugênio!" Com o olhar absorto perguntou:

- Moço, quanto fica a groseia, um litro de ólio e aquele chapéu bunito ali? Apontava-o com o dedo magro.

- O chapéu, quatro contos, mais a groselha e o óleo, cinco. Afoito em vender, seu Zeca, em sussurro alto, fez logo a conta e deu o preço.

- Pois então, dá o litro do ólio e o chapéu pro meu Eugênio, qui o dele, coitado, não tá valendo nem mais prá cubrí o espantáio no arrozar.

Seu Zeca cobrou, deu o litro e o chapéu, que nas encardidas mãos do homem, ficou girando e sendo admirado. O caboclo perdeu a fala, a imponência bruta. Alguém comentou em voz alta:

- Muié boa essa do Eugênio, com o poco dinhero qui tem, inda presenteia o marido!

O homem Eugênio, sem força nem para olhar pro lado, tendo o rosto amarelecido, contemplou por um bom tempo o presente ganho, comparou-o com o velho chapéu e comentou baixinho, num misto triplo de admiração, alegria e arrependimento:

- Esse chapéu véio, vou pô na roça pra trabaiá e esse que a Zefa mi deu agora, só vô pô em dumingo ou festança nas fazenda.

Dizendo assim, quis sentar-se no degrau da porta do armazém para descansar da palidez, mas a mulher argumentou:

- Vãobora vá, perciso inda cuzinhá prá tua fome que é tanta...Vãobora meu home.

E a figura pequena e frágil da mulher, junto a do homem cabisbaixo, foi se apagando pelo estradão.

João os observou desaparecer na escuridão, sentia o coração pesado e dolorido. Aquela cena de compreensão, amor e reconhecimento, o abalara fortemente, quase deixou-se desanimar. Pediu logo outra cerveja e foi bebendo no copo o líquido borbulhante e denso, foi bebendo a noite que caminhava vagarosamente, como se acompanhasse os passos de quem nada deve.

João sentiu uma vontade dantesca de ser bom, cada vez mais e sempre.

O armazém estava iluminado à lampião de querosene e já continha também outras, muitas outras pessoas, que riam e falavam alto, motivadas pela não pequena quantidade de bebidas alcoólicas ingeridas em generosas doses e sem nem mesmo a alimentação escassa a que estavam habituados seus estômagos judiados.

João sentiu-se só, tão só e desejoso de puxar uma "conversinha", que convidou todos que ali se encontravam:

- Vamo tomá argo, camaradas, que a vida, as veis, não vale as coisa que se vê, só fica memo boa, quando a gente si sente queridu. João estava com vontade de dizer coisas bonitas e de ternura, depois da cena presenciada.

Todos aceitaram o convite, após risonhos e de concórdia, meneios de cabeça. Alguns aceitaram só para aproveitar, outros porque estavam mesmo com vontade de bebericar. João pagou a rodada e pediu outra cerveja.

Ele havia decidido ser bom e tinha dinheiro pra isso. Em muitas ocasiões, sentimos desejo de praticar a bondade e só conseguimos com dinheiro para despender. Muitos homens só conseguem praticar a bondade através do dinheiro e injustamente, só enxergam bondade nos outros quando ela vem em forma de muitas notas de valor alto e disposição irrefreável para gastá-las.

Pagou muitas rodadas e em todas elas pediu outra cerveja. Pagou doces para as crianças que por ali apareciam em busca de pinga para os pais, pagou sanduíches aos que ele percebia ser a fome muita, fazia questão que o seu Zeca reforçasse o recheio, a um garotão, quase homem, insistiu:

- Beba um refresco ou um copo de cerveja, pinga não, que pinga atordoa, a cerveja é suavezinha.

Os que ali permaneceram com o propósito de se aproveitar daquela homem forte, moreno, e "bobão", não se retiraram sem antes realizarem seus intentos; fizeram-no pagar bebidas caras, bebidas nunca antes experimentadas e ele a nenhum pedido negou. Pagou tudo a todos. Confundiam-no com algum demente perdulário.

Em determinado momento, Bento, o que mais havia zombado de João, mesmo sabendo que não fumava chegou-se a ele com feição irônica, própria dos que vivem na ociosidade a espera do momento certo para se aproveitar de alguém e pediu-lhe um cigarro. João consultou o bolso rapidamente, atestando que lhe sobrara algum dinheiro, não deixou por menos, aquela era a sua noite. Gritou eufórico, não parecendo nada com o homem tímido que chegara de tardezinha para fazer suas "comprinhas":

- Seu Zeca, mi dá um maço de cigarro. Estava por demais à vontade. Sua voz era uma festa!

- Qual marca? Seu Zeca já estava pensando em fechar.

E João não pediu como um fumante qualquer, um viciado, um conhecedor profundo das marcas daquele produto reprovável. João pediu como alguém que quer agradar a um camarada. Tonto que já estava, fez desmedida força para que sua voz não vacilasse:

- Me dá do mais gostoso que o senhor tem aí.

E recebeu nas mãos o com pontas de filtro. Sem experiência, abriu o maço de modo desajeitado. Ofereceu a todos. Mesmo os que estavam fumando, ele mandou que guardasse para mais tarde. Bento riu muito da ideia que teve. João explicou:

- Aproveita camaradas, compro um maço pur ano, mais si é pros camarada, quero o mais bão, o mais mió, qui nada mais vale qui o momento desejado e dispois tido cum prazê.

João não era muito bom de conversa, mas na noite diferente, se excedia, possuia mais coisas pra dizer, mas por medo de deixar a ideia intrincada, não continuou. No entanto, se atentássemos bem para o seu olhar cansado, exausto e cinza, mas satisfeito, poderia-se, perfeitamente, ler em suas reduzidas pupilas, a interrogação que o entretia naquela instante: que prazer mais estranho o de fumar, ele não entendia..., precisava queimar, transformar em cinzas, engolir e vomitar a fumaça, haviam muitas conversas compridas avisando que o vício fazia mal à saúde, era preciso destruir, exterminar, chupar a fumaça que fazia tossir, adoecer, não via graça nisso, por isso não fumava.

A cada rodada, sua preocupação maior era pagar:

- Quanto devo, seu Zeca?

Tanto. O dono do armazém era taxativo. Não possuia complacência.

A noite se fez forte, muitos se retiraram sem que João notasse, o abandonavam, estavam com a cabeça e estômago cheios demais, sem paciência para as lamúrias que deveriam vir, pois sabiam (quase todos eram assim) que toda pessoa embriagada, transforma-se no principal personagem de um dramalhão exagerado. Foram embora, mas aos que ficaram, João não decepcionou. Certo é que sentiu mesmo grande desejo de falar do filho distante, formado em Agulhas Negras. Isto há muito tempo...! Não perdera a fotografia, mas àquela altura dos acontecimentos, não sabia mais aonde a teria colocado. A dolorida imagem da esposa, primeira e única no coração, ninguém conseguiria apagar e nem reavivar demais. Fazia um século.

João não queria que a noite fosse de tristezas, ele já as tinha vencido, mas mesmo assim não deixou de pensar: "O pai aqui a beber cerveja, a procurar camaradas novos, a tentar criar admiração e diminuir o sofrimento causado pela falta do dinheiro e vontade de ganhá-lo, o filho lá distante no espaço e no tempo a se fardar com farda linda". Mas foi só um fugidio relembrar.

Seu Zeca havia ganho bastante dinheiro naquele dia, quando percebeu que João não possuia mais nenhum para gastar, negou-lhe uma cerveja fiada.

A noite era de breu. João gastou todo seu soldo e viu queimado nas cinzas do cigarro oferecido, a lembrança da mulher e do filho. Deu um "boas noites" com a língua pesada, enrolada. Cada qual para o seu rancho, sua estrada não era caminho para nenhum dos últimos que ficaram. Seu Zeca fechou a porta e começou a contar o resultado, em dinheiro, do dia:

- Como gastou o João! Comentou com a esposa que quase dormia sentada na cadeira.

O saco de mantimentos de João, antes branco, ganhou uma tonalidade marrom, carregava-o nas costas, conduzia-se com as pernas bambas, cambaleantes, volveu a cabeça; a luz amarela e fraca do armazém se apagara. Eram três quilômetros, naquela insondável escuridão, no rancho, ao sacolejo do vento encanado, a rede molemente balançava esperando o peso do seu corpo grande.

João caminhava tonto, mas com irremovível sorriso de quem, há tempos remotos, chorou muito e não resolveu nada. João caminhava como alguém que nada deseja, não teme e nem se preocupa. Fôra a sua noite, a da bondade crescente. Rosto queimado pelo sol, iluminado à sombra. Não se preocupava com o dia seguinte, nem como passaria os demais sem nenhum dinheiro. Estava feliz e cansado demais para gastar a mente. Fôra mesmo a sua noite! Pensava ainda em repeti-la várias vezes. Muitas vezes. Incontáveis vezes. Nunca outrora se sentira tão útil, tão camarada dos camaradas. Assim é que deveria ser sempre. Sustentando a simplicidade, a riqueza dos homens bons, João tinha por consequência os três quilômetros escuros. Caminhava. Quem apagaria seu sorriso? Caminhava. Voltava como foi, só.

Era a única luz da estrada...

  • Publicado em: 09/06/2002
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