A Garganta da Serpente
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Separação, liberdade, tristeza, aventura, desilusão

(Josué Alcobassa)

O fato de deixar minha família talvez tenha sido o de não ser confiável e não confiar, ou o deslumbre de novidades, seduzido substancialmente a ponto de me jogar nos braços da liberdade.

Após minha separação morei alguns meses na cidade depois decidir mudar, o sitio distante parecia uma ideia absolutamente atrativa que julgava admirável.

Ir aos sábados a faculdade e retornar a meia noite, na maioria das vezes sem companhia parecia algo de canção sertaneja, me embriagar sem que os outros soubessem nos finais de semana, tomar banho de rio sem roupa fazia-me sentir livre, fazer minha própria comida ser social, "porém enclausurado" um modo de vida diferente.

Receber os amigos na distante casa fazia com que me sentisse importante. E de certo modo herói, mas dentro de mim algo que o meu próprio encanto não consegue apagar mesmo vivendo em constante luta contra isto.

Todos os dias e noites, as lembranças da família que persiste em me acompanhar como se o meu sonho e ideologia de vida não passe de pesadelos reais.

O café servido por minha ex-mulher, a cama aconchegante, o meu filho me acordando com beijos me pedindo a benção, era mágico tão mágico a ponto de não aceitar e me desfazer de tudo aquilo.

Agora lembranças me atormentam palavras do meu filho menor "vou sentir saudades em choro" minha ex-esposa dizendo que poderíamos ter dado certo, em nossa triste despedida, as palavras passam mil vezes por minha cabeça me interrogando se não sou e não fui egoísta?

E quando a saudade aperta lagrimas no meu rosto rolam! As noites sem lua no sitio parecem eternas, o cantar do galo, o barulho dos suínos, o silencio dentro de mim corroem dor vazio.

Não ter família me faz pensar em desistir, não daquele estilo de vida, mas da vida como um todo. No entanto nada melhor que um dia após o outro, e novamente um recomeço para atenuar a solidão.

Jogo-me nos braços das garotas de programas, ali estou eu pagando por companhia, por amor temporário, e logo me dou conta que eu não sou interessante mesmo tentando dar o melhor. Retribuo o sexo comprado dando prazer, carinho, não faz diferença, a única coisa que agrada as profissionais e o meu dinheiro, e após o gosto amargo do sexo me vejo novamente sozinho.

Então acendo um cigarro tomo meu remédio para insônia, e torço para que não acorde por um longo período. E quando tudo parece perfeito o telefone toca, novamente percebo que o mundo não acabou, e meu filho ao telefone me desejando um bom dia e pedindo para que o veja, então entendo que tenho tudo, mesmo me achando um nada.

Continuo a ter família mesmo distante, tenho estilo de vida próprio, liberdade e felicidade só tenho que aceitar que sou solteiro e isso significa solidão, liberdade sexo comprado, ganhado ou roubado de alguém que viajou e esqueceu seu conjugue, e na maioria das vezes me disponibilizo do sexo masturbado.

Concluo que quero continuar a viver assim sozinho! Do que roubar a liberdades de outra pessoa.

Não me aprisionarei novamente com regras que serão sempre quebradas, onde ambas as partes irão pedir perdão um ao outro, e por motivos paternais, religiosos, sentimentais tentarão continuar a ser dois com medo do frio e de enfrentar a vida solitariamente.

Então eu digo não as regras, mas imploro para que os demais vivam eternamente há dois, dia após dia aconteça o que aconteça, saibam que um reino partido não será mais um, e sim uma metade, então peço a Deus por vós que sejam felizes, para sempre.

Eu estou voltando para casa agora, à casa da minha mãe, separado livre, um triste aventureiro.

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