Vinha apressado no caminhar, acordara tarde e já estava atrasado para
mais de vinte minutos. O sinal verde. No intuito de atravessar acelerou mais
os passos e parou próximo ao fim da calçada. Diante dele uma profusão
de carros rápidos passavam, passavam, passavam; atrás, dezenas
de pessoas foram se colocando aos poucos formando ali uma pequena massa um tanto
hipnotizada inclinada ao sinal num aguardo pelo verde e o cessar dos automóveis.
Um silêncio repentino se fez por ali; denso, pesado, desses que esporadicamente
e sem permissão, no âmago da metrópole, envolve alguns conglomerados
humanos. Fez se por ali aquele silêncio, desses que nos carrega de desconforto
e faz com que nos encontremos, nos inquietemos...
Olhou em volta. Olhos desconhecidos. Rostos desconhecidos. O passar dos automóveis.
O sol quente, muito quente. Olhou para o céu, desviou os olhos da luz
para o chão, no asfalto já derretido pneus deixando marcas e lembrou-se
de outras marcas, lembrou-se de seus pés descalços procurando
abrigo à sombra num dia também de sol quente, muito quente, após
o jogo, mais um jogo; um lugar no passado onde não passavam tantos carros,
lembrou-se de um tempo remoto quando retornava da escola e adentrava naquela
rua comprimida e comprida de quatro ou cinco quarteirões se indagando
sempre qual o significado daquele nome. Araçoiaba da Serra. E ao retornar
da escola em imaginação um grande pássaro que vivera em
outros tempos, tempos indígenas, um pássaro tão onipotente
quanto o falcão ou gavião, um pássaro solitário
que planava nas alturas da Serra. O Araçoiaba da Serra. Logo descartava
tal ideia, seria mais provável que a citada Araçoiaba fosse
uma árvore daquelas centenárias carregada de histórias,
talvez existiram muitas naquela região há tempos, entre especulações
caminhava vagarosamente no retorno da escola.
Morava no outro extremo, nº 34 D. O quarteirão onde residia era
o pior para o jogo de bola. Todos os outros eram planos, aquele era o único
onde a rua era bem íngreme. Havia o time de baixo. Havia o time de cima.
Cada lado tinha a sua vantagem. O time de baixo, por exemplo, ao atacar possuía
um maior domínio de bola, mas o ataque era lento. O time de cima tinha
de sair disparado atrás da bola, havia maior velocidade ao atacar, mas
menor domínio de bola. Naquela época ele jogava bola, recordava,
sempre a ponta do dedão melado de sangue, o asfalto se mostrava implacável.
Retornava da escola na expectativa, na ansiedade de que lá ao fundo,
no outro extremo da rua, minúsculos, eles estivessem envolvidos com a
bola, envolvidos pela bola. O Caveira jogava bem, mas era de corpo fraco, franzino,
ia ao chão caído por nada, à toa à toa. O Rodrigo
jogava um pouco melhor, dominava com classe, mas um tanto teatral e naquela
rua, no jogo, era necessário ser rústico, a falta vinha dura!
O Xande, brigão, demasiado, ganhava o jogo na malandragem. O Xande, lembrava,
sempre foram muito amigos; em uma época anterior onde a fantasia reinava,
passavam tardes e tardes envolvidos com bonecos em lutas fantásticas
entre o bem e o mal e ali próximo ao fim da calçada na espera
pelo sinal verde, um tanto absorto, esboçou um sorriso................................................
O Binho e o Nê, os irmãos. O Binho jogava, o Nê nada, nada
mesmo. O Dodo mandava bem, na truculência, mas mandava bem. O Biscoito
era liso, ligeiro, brigão. Quantas vezes ele e o Xânde se pegavam
em não entendimento e isso significava socos distribuídos a esmo.
O Cascão e o Caio eram os melhores. O Caio praticava outro esporte, no
judô algumas medalhas. Certa vez desferiu um golpe no Caveira deixando-o
todo desarticulado e todos os presentes boquiabertos. Ainda outros: o Totó,
o Tuco... Esse era o time dos pequenos. Havia algo como a primeira divisão
composta praticamente dos irmãos maiores e pais de todos eles. Quando
esses jogavam se fazia espetáculo. Eles, os menores, ficavam por perto
amontoados num canto de uma calçada observando entre exclamações
exaltadas. Por vezes outro pessoal, os da rua de baixo, os da rua de cima, compareciam
e participavam daquele espetáculo, tudo parecia tão bruto e violento
e eles, os menores, entre exclamações na torcida, nas calçadas.
Mas esses clássicos eram só uma vez por mês, sempre aos
sábados. Os menores jogavam todos os dias, na chuva, ao sol, pela tarde,
ao entrar da noite. Divergências eram uma constante e quando se tem menor
idade qualquer divergência finaliza em agressão, visceral. As piores
divergências ocorriam quando eram marcados os chamados "contras".
Contra a rua um. Contra a rua de baixo. Contra a rua de cima. Esses jogos maiores
não poderiam, de forma alguma, ser realizados em uma rua qualquer, até
mesmo porque numa rua qualquer alguns seriam privilegiados; esses deveriam ser
em um local onde o domínio não era de ninguém, um local
de status imparcial. Esses eram no campo. Bem, na verdade era um campinho sem
grama e de terra vermelha onde os buracos faziam-se quase piscinas. Pensou,
esboçando mais um sorriso entre os lábios, que não houve
uma única vez onde um desses jogos fosse finalizado com apertos de mãos.
Ele sempre fora menos hábil com a bola entre os pés, mas no campo
era pior ainda. Nunca conseguia entender o tempo da bola, pulava demais, como
pulava. Pulava para cima e por cima dele, por baixo de suas pernas, sempre para
o lado não desejado. Não é preciso dizer que não
tocava na bola, era evitado sistematicamente. Na rua, gostava de jogar na parte
de baixo por conseguir dominar melhor a bola. O seu forte - todos tinham um
forte; o Cascão driblava muito bem em velocidade, o Binhô tinha
uma ótima visão de jogo sempre deixando um e outro de frente ao
gol, o Rodrigo se mostrava um ótimo goleiro - o seu forte era o chute
de longe, quando nunca se acerta um passe a única opção
é o chamado bicão. Mas uma vez acertou. Dominou do meio da rua,
matou a bola que vinha em sua direção no peito e mandou uma de
primeira sem ela tocar no chão, rápido e preciso. Como foi bonito
aquele gol, o chamado golaço! Seu Zé, já falecido, viu
e aprovou. Mas, depois de muita discussão ficou acertado que foi por
cima. Hoje conseguiria problematizar melhor. Hoje faria apenas uma simples pergunta:
"Por cima do que?" A trave pela qual a bola teria passado por cima
nunca existiu senão em imaginação. Mas naquela época
ela estava lá e ele não duvidava, porque duvidar era quebrar o
encanto, era adiantar-se ao tempo, adiantar-se anos e perder a magia. A trave
estava lá, poderia duvidar e contrariar todos, ser até imperativo
ao dizer "foi gol... foi gol", poderia, mas questionar a presença
de tal trave não, de maneira alguma, estaria sendo por demais realista,
quebrando o sonho, a diversão, argumentar contra seria adiantar-se em
angustias. É provável que aquela bola tenha ido realmente por
cima, por cima da trave imaginária, por cima das casas, por cima dos
quarteirões, por cima dos bairros, por cima de todos e se perdeu longe,
muito longe e hoje ele só a encontre em memória.
Dominou a bola em velocidade e de repente quando já ia se aproximando
do gol ouviu a única palavra, alto e em bom som, que poderia impedi-lo,
em um coro conjunto do time adversário "PAROU!!!!TEM GENTE PASSANDO!!!!!Dois
passos para trás e esperar. Ora vinha um carro, outrora passantes, sempre
paravam, não importava a idade nem o sexo. Se por acaso alguém
continuava era reprovado vigorosamente aos gritos "se fosse a tua mãe
você parava" ou " sua mãe não te deu educação
cabeção". A bola. Uma senhora subindo a rua. A frase era
solta, olhavam. Algumas senhoras do bairro com idades avançadas andando
vagarosamente, num outro tempo, lento, num tempo introspectivo, cansado e calejado
e eles... eles ardendo em energia , energia bruta, sem direção
qual mangueira solta a dar chicotadas de água no ar, na ilusão
dos primeiros tempos, na ansiedade, na felicidade dos primeiros anos. Nos primeiros
beijos, nos primeiros amores. Na alegria , na mãe-da-mula, no esconde-esconde,
no beijo-na-boca, abraço e aperto de mão. No pula-pula, Salta.
Pula. Salta. Pula. Salta. Pula. Salta. Pula. Passa o anel. Corre garoto. Pega,
pega, pega. Cada macaco no seu galho. Corre garoto, corre. Toda a vida, não
tem? Corre garoto. Namoradinha? Já tem? Corre garoto, corre garoto, voa....
toda a vida não tem!!?? Corre garoto. Corre! !Paravam... por educação,
não por compreensão. Alguns resmungavam entre os dentes só
para eles mesmos ouvirem, o Xande principalmente: "Vou até sentar,
essa ai não passa hoje." Não poderia ser diferente, era o
jogo e este estava no ardor, na decisão. Por vezes, nessas paradas, vinha
o caminhão de lixo. Ficavam todos bastante preocupados quando o caminhão
de lixo passava durante uma partida porque de vez em quando deixava atrás
de si um líquido viscoso e mal cheiroso, outrora dejetos deixados para
trás sendo obstáculos a mais para o desenvolvimento do jogo.
Uma partida de rua se apresentava muito mais complexa e difícil do que
no campo, existiam adversidades, como as guias. Era uma decisão apriori,
se se jogava em cima das calçadas ou o limite eram as guias, os carros
estacionados, quantas laterais amassadas... O jogo estava suspenso, as senhoras
passando pausadamente levando todo o tempo necessário. O Xande bem atrás
sentado no chão. Ele próximo do gol sem camisa, praticamente sozinho
frente a frente ao goleiro. O sol rasgando, em suas têmporas, suores.
Nesse ínterim levantou os olhos e percebeu que uma vizinha nova no bairro
o contemplava do segundo andar de uma casa próxima; alta de cabelos pretos
encaracolados próximo aos ombros, olhos negros 24 ou 25 anos. Ele, quatorze
, quinze, nenhuma experiência sexual, tímido extremado. Beijo?
Uma vez, uma única vez. Muito antes, num tempo remoto ao dançar,
como se dançava na época, dois para esquerda , dois à direita,
primeiro beijo, tanto tempo................Ela, alta de cabelos pretos encaracolados
debruçada na grade da sacada, casada, com dois filhos, ficou sabendo
mais tarde, o observava. As senhoras passaram, o jogo recomeça! Conta-se
três e em alto som: "valendo", o goleiro saiu numa rapidez incrível
em cima dele e ele chutou forte bem no canto, muito no canto, exageradamente
no canto, um erro e na mesma hora percebeu que mais uma vez seu dedão
contra o asfalto melou. Não recordou quem foi vitorioso em tal partida,
mas não havia como esquecer o problema que consistia em calçar
o tênis e ir à escola a manhã seguinte, matina de névoa
densa e odor peculiar.
Estava sentado ao lado dela na calçada acompanhado de mais uns quatro
rapazes, esses mais velhos. Não conversava, só escutava. Não
tinha capacidade diante de uma mulher de articular palavras e frases, estava
sentado próximo dela. Os mais velhos falavam sem pausa. Quando um homem
se encontra diante de uma mulher parece ter uma necessidade descomunal em falar
e falar e falar e falar... e eles continuavam falando... e falando e falando...
em um constante monólogo e ele só utilizando monossílabos,
só escutava. Os outros se inclinavam, mostravam-se em gestos e palavras
e ela voltada para ele, a atenção dela voltada somente para ele.
Não conseguiria dizer como foi parar dentro daquela garagem sendo pressionado
contra a parede num beijo único onde sua mão foi segurada e colocada
sob sua cintura. Fez esforço, mas só pode imaginar qual teria
sido sua reação, provável que tenha estado estático,
imóvel durante todo o momento.
Outra noite quente, outra partida na rua; e naquela noite foi goleiro e o seu
time estava forte. Na linha o Xandê, Cascão, Caio e Caveira. Quatro
na linha e um no gol, uma composição quase imbatível. Ficava
sentado, no maior tédio, a bola nem perto chegava. Começou o batuque,
uma casa alta com um portão chapado de ferro que nada deixava observar
por dentro. Quando começavam os trabalhos e eles estavam em jogo se configurava
um grande problema. Por cima deste grande portão - como oferendas a santos
e divindades que só reconheciam no dia de São Cosme Damião
- voavam ovos diversos para a rua e espatifavam-se pelo chão junto a
uma grande quantidade de farinha amarelada como se temperada a óleo de
dendê para as entidades, paravam, olhavam a situação e tinham
de optar entre encerrar a partida ou continuar driblando ovos e farinhas, pois
pisar nessas oferendas não cogitavam possibilidade. Na grande parte das
vezes continuavam correndo atrás da bola driblando ovos quebrados e pulando
porções de farinhas pelo chão. O mistério que rondava
aquela casa se apresentava forte para eles e as histórias mais absurdas
pululavam em suas imaginações. Por vezes os jogos eram interrompidos
e tinham de esperar um pequeno caminhão após estacionar em frente
a tal casa, do seu interior despejavam cabras e galinhas por aquele portão
adentro e por lá ficavam, as cabras e galinhas. Na rua, expectativas,
fantasias sobre o que lá dentro se passava . Lembrou-se também
de um cachorro, aquilo era excessivo para ser um cachorro, era grande... muito
grande... grande de olhos caídos e vermelhos e lerdo e sabiam que por
trás daquele portão repousava aquela fera. Aos seus olhos tudo
se mostrava como fantástico e um tanto macabro. Não pisavam nos
ovos, de maneira alguma, pulavam , driblavam, paravam , mas não pisavam.
O pior que poderia acontecer era em um chute muito equivocado alguém
acertar um vaso que ficava em cima e no centro do muro, um vaso de barro que
se mostrava uma incógnita, um vaso de barro colocado tão alto
e onipotente que se tornou sagrado, amaldiçoado, mas acima de tudo intocável
e naquele dia em que ele estava no gol o Caio acertou em cheio, no jeito. Tudo
se deu como em câmera lenta e foi caindo... e caindo... espatifou-se no
chão. Numa manhã gostosa de domingo - os domingos se mostravam
naqueles dias não melancólicos, se apresentavam diferentes, calmos
e serenos - após comprarem pães, retornaram divertidos e ao retornar
passaram pelo campinho, ele e o Caio, e ao atravessar a pequena ponte bamba
de madeira sobreposta sobre o riozinho - era rio só em suas palavras
, pois não passava de um grande esgoto - o saco de pães rasgou
nas mãos do Caio e todos os pães caíram rolando para dentro
do rio, todos menos um que recuperou, embrulhou e no seu rosto já se
fazia choro e foi com esse mesmo rosto que contemplou espalhado pelo chão
cacos e cacos naquela noite em que quebrou o vaso....................................................................................
Todos pararam e ficaram como que boquiabertos; em suas cabeças, em suas
fantasias sabiam que quem derrubasse o vaso estava condenado a uma grande maldição
e o pior seria ter de pedir a bola de volta. Ele não pediu a bola e ninguém
mais, assim acabou o jogo naquela noite, isso já era tarde, muito tarde,
mas naquelas noites de calor não era dada tanta atenção
à hora.
Um outro jogo começou e ele não pode estar porque desta vez estava
em casa, porque desta vez havia uma lição para fazer, talvez matemática,
talvez português, biologia, história, geografia... mas era tão
difícil, tão difícil; e o difícil não era
o estudar, mas sim a concentração, não era o jogo lá
na rua que desconcentrava, eram as pipas no ar e ele continuava, contava e recontava...
as pipas não os números, as pipas........ Tardes e mais tardes
passaram sem pipas e sem jogos, ao seu lado sua irmã, tardes passaram
e eles lá naquela mesa longa e oval, ela debruçada sobre os cadernos
não conseguindo segurar direito o lápis de tão pequenas
suas mãos, tão pequenas e ele perdido no céu, para as pipas.
Noutro dia foi solicitado e ao sair à rua disseram-lhe para estar arrumado
pois teria um encontro, se arrumou. Se arrumar consistia em tirar os pés
do chão e estar calçado com um chinelo qualquer, se banhar em
perfumes e se banhou. Foi levado a uma casa, um sobrado que na parte debaixo,
dois cômodos e um banheiro. Para surpresa dele ao entrar naquele recinto
estavam todos lá e mais outros e outros e vários espalhados pela
sala , virou o centro das atenções e foi informado, para sua surpresa
novamente, que ela estava no banheiro a sua espera e que após dele todos
estariam com ela também e então todos estariam assim com sorrisos
nos rostos. E o empurraram para dentro do banheiro e lá dentro não
havia luz e ela estava lá e ele não sabia o que fazer, o que falar
e falou que estava escuro e foi preciso providenciar luz, nesse ínterim
ele sumi, todos souberam e a história espalhou-se assim como um grande
pote com bolas de gude ao cair no chão e todos ouviram e todos souberam
e ele passou anos assim sem entender direito o que ocorreu, mas talvez nada
disso tenha acontecido e ele estava apenas escorregando sobre suas próprias
reminiscências absorvido por aquele silêncio que o acometeu de tal
forma que o levou para dentro dele mesmo numa velocidade absurda qual uma flecha
e parou num sofá dentro dele mesmo, no que há de mais intimo,
no que há de mais introspectivo e no que há de mais irredutível
e lá ficou - e aquele sofá não se mostrou confortável
e nem sólido - e foi deslizando e deslizando e se afundando como em lama
e para trás deixou a máscara , sua persona e lá dentro,
bem ao fundo, talvez, ao afundar cada vez mais e mais nele mesmo tenha encontrado
o Ser, talvez o absoluto, talvez a loucura e lá ficou e ali ficou parado,
abstraído, distante, o sinal abriu e fechou e abriu e fechou e por lá
ficou a lembrar que hoje ao retornar àquela rua comprida e comprimida
ainda vê, já apagada, desgastada, a grande área pintada
em tinta verde que já não aparenta tão grande assim, bem
pequena de fato, pequena e carregada de nostalgia de um tempo que só
existe em memória. E lá parado na iminência de atravessar
a rua entre altos prédios e ritmo frenético ficou assim sem mais,
afundando-se naquele sofá desconfortável vendo um garoto correr
e correr e correr e correr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . correr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . correr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . correr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .