A Garganta da Serpente
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O Tigre

(João Paulo Parisio)

Toda a realidade se deformou na presença do tigre, que era mais belo, arrojado e aerodinâmico que qualquer um dos carros imóveis no trânsito, além de faiscar mais ao Sol. Saltou da calçada para a avenida em frente ao edifício Equinócio, atravessando-a em ziguezague num piscar de olhos, como um raio, e devorou um dos transeuntes na pista de cooper, desencadeando uma debandada memorável. Atirou-se ao mar quando encurralado e foi visto na linha do horizonte como um caco de vidro iridescente cravado num muro antes de sumir. A cidade suspirou de alívio. E desilusão.







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