A Garganta da Serpente
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Foi o delegado

(Leonardo de Magalhaens)

Foi culpa do delegado.

Alguém disse que era culpa do banqueiro. O ministro mandou instaurar um inquérito e o banqueiro se livrou das algemas. Toda a imprensa anunciou que a culpa era do delegado.

O governo (e o povo) pasmado e perplexo. A moral em queda. A corrupção manchava até o delegado!

O espião foi convocado pelo deputado, que contestou o senador, antigo aliado do ministro. O desembargador prestou depoimento, rejeitado pelo ouvidor que contestou o relatório do espião.

Interrogado o delegado confessou o grampo telefônico, que foi confirmado pelo advogado do banqueiro. O espião foi ameaçado de morte e passou a ser amparado pelo serviço de proteção à testemunha.

O banqueiro foi novamente preso, apesar do habeas corpus do ministro, que viu-se pressionado pelo jornalista, depois de uma entrevista com o deputado.

Nisso o Presidente já estava em maus lençóis, a convocar um segundo ministro para prestar explicações numa comissão parlamentar que investigava o delegado.

O advogado do banqueiro conseguiu outro habeas corpus e livrou o cliente das humilhantes algemas. Os manifestantes rasgaram as fotos do banqueiro em praça pública.

Temendo a invasão do Congresso, o deputado ordenou a prisão dos líderes subversivos. Todos algemados. O ministro foi entrevistado na rádio de notícias.

O delegado era realmente o culpado.

(Nov/08)

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