O sangue de Ingrid sujava o chão. Se eu soubesse não teria feito
um buraco tão grande na barriga dela. Também deveria ter usado
uma de manuseio mais fácil. Ela quase conseguiu fugir, a danada foi dura
enquanto teve forças pra se debater. Se a Ingrid tivesse me ouvido, nada
disso teria acontecido, tudo correria na mais perfeita ordem, a minha maneira.
Meu erro foi acreditar que um dia as coisas dariam certo. Antes que vocês
desistam da minha história, contarei os detalhes logo e aí entenderão
e concordarão comigo, se aquela vagabunda deveria ou não estar
com a barriga aberta e jorrando sangue pelo o chão da minha sala. Engraçado
como ela ainda não morreu, ela treme e ainda agoniza, mas iremos aos
fatos sem demora.
Ingrid foi a garota mais excêntrica que conheci. Seu aspecto gótico
e sombrio era aliado a uma beleza lívida e sedutora. Aquela pele branca
como veludo fazia um contraste perfeito com as roupas pretas e seus acessórios
de metal. Eu sempre tive o desejo de descobrir o que se escondia por trás
daquelas roupas. Ela foi sempre solícita comigo, conversava comigo algumas
trivialidades, fumávamos um baseado juntos, mas nunca passou disso por
uns meses. Eu ainda era o mais careta do nosso grupo de grunges que rondava
pela cidade, me chamavam de velho. Eu devia ser um velhote mesmo, porque eu
ainda tentava manter valores, ser alguém na vida. Fumava de vez em quando,
bebia de vez em quando, mas nunca fui de passar mal assim como todos os outros
meus amigos, acabava levando sempre todos ao hospital com coma alcoólico.
Até Ingrid teve um porre no qual eu a ajudei. E foi aí que as
coisas passaram mudar. A simples atração contida se revelava.
Entre vômitos, soluços, tonteiras e desmaios de curta duração,
conversas desinibidas. Contei a ela meu sentimento de vê-la nua. Era uma
festa de um amigo nosso, estávamos trancados no banheiro. Ela nem hesitou
e arrancou a blusa preta mostrando seus seios fartos para mim. Um mamilo rosado
me deixava louco de desejo. Também tinha bebido um pouco e roubei um
beijo ardente dela. Transamos ali mesmo, no meio dos vômitos, garrafas
e baseados fumados pela metade que residiam no local. Foi inesquecível.
Aquilo ficou na minha mente e meu medo dela ter esquecido se dissipou quando
ela me beijou e me agarrou na frente de todos no dia seguinte. Estava realmente
feliz, tinha conseguido uma mulher peculiarmente incrível, na qual o
submundo fazia-se uma constante de vez em minha vida. Muito sexo, drogas e Rock'n
Roll. Eu estava cada vez mais apego ao estilo de Ingrid, e a tudo que ela
me proporcionava. Aos poucos fui deixando de ser o velho para ser o mais alucinado
do nosso grupo. Comecei a beber demais, a fumar muito mais baseado e a transar
muito mais com Ingrid. Ela era o meu novo vício, eu queria tê-la
o tempo todo. E já demonstrava sinais de ciúmes, normal em qualquer
relação. Fiquei muito mais enciumado quando entrou um rapaz novo
no nosso grupo, que assim como eu, se encantou pela beleza mórbida de
Ingrid. Mas ele não entendia que ela tinha dono e ficava assediando,
rondando a presa vagarosamente. Eu alertava Ingrid, mas ela achava que era apenas
um ciúme bobo. Só que aos poucos fui percebendo qual era intenção
de Ingrid. Sem querer acabei ouvindo uma conversa de Ingrid com outras amigas,
dizendo que a monogamia era uma coisa antiquada e obsoleta. Isso semeou dentro
de mim a semente da discórdia em meu peito. Tudo fazia sentido: ela correspondia
os afetos do idiota, e eu estava sendo feito de trouxa. Resolvi por um ponto
final nessa história e conclui que se Ingrid não fosse só
minha não seria mais de ninguém. Fumei uns três baseados
pra abrir minha mente e decidir qual a melhor maneira de mostrar a ela que relacionamento
aberto comigo não tinha vez. Chamei-a para vir aqui em casa, disse que
tinha algo pendente a resolver. Ela não demorou muito e se demonstrava
preocupada, pois logo veio perguntando o que era. Fui direto ao ponto e falei
sobre o caso que mantinha com o outro cara. Ingrid desconversou e perguntou
de onde tinha tirado isso. Tola, achando que podia me enganar mais uma vez,
resolvi ser mais agressivo e bati nela. Ingrid tinha o pavor nos olhos e somado
a sua gótica beleza me excitou e resolvi possuí-la a força,
rasguei suas vestes pretas entrei nela feito um animal. Ela gritava, chorava,
se debatia, mas eu não tinha pena e ficava mais excitado. Quando mais
ela se mexia e gritava pedindo para parar, mais eu me excitava e tive assim
o melhor orgasmo da minha vida. Ela soluçava enquanto eu me levantava.
Fui para cozinha para comer alguma coisa. Ingrid estava em choque e não
fugiria agora. Preparo um lanche no capricho com bastante queijo para ter disposição
para outra. Esse negócio de macheza me fez sentir um novo homem. Eu ouço
barulho da porta do quarto. Ingrid estava fugindo, com as roupas rasgadas, seminua,
em desespero. Ela me chamava de monstro e que fugiria e contaria tudo a polícia.
Eu fiquei triste por ela nunca ter me amado, e falei que nunca ela amaria mais
alguém. Fui até a cozinha e peguei a faca que cortei o queijo.
Ela ainda estava besuntada de maionese, mas enfiei na barriga assim mesmo. Um
grito seco de Ingrid, e ela ainda tentava fugir. Tirei a faca e enfiei mais
duas vezes, ela gritou mais forte e no terceiro ela caiu e está no mesmo
lugar onde a vejo agonizar por uns três minutos. Eu aprecio meu sanduíche
que parece mais gostoso com esse maravilhoso espetáculo da morte dominando
um corpo tão lívido e fúnebre...Ingrid, eu amarei você
a vida inteira, mesmo que você nunca tivesse me amado e escutado meus
planos. Acho que agora ela morreu, não a vejo se respirando há
uns vinte segundos, vou ver tevê agora.