Um velho sadio em prantos beijou o rosto de um jovem agonizante.
Depois de um instante de soluços,ele se ergueu com as mãos espalmadas
secou as lágrimas e como se limpasse uma superfície frágil
escorreu as mãos sobre o rosto do jovem.Um momento longo de silêncio
se fez e como um cego caminhou tateando,procurando ,talvez,aquele corpo inerte
para um abraço,encontrou a parede branca e de braços abertos estendeu
o corpo como a querer vazá-la.
Naquele desespero solitário parecia que ia transmutar numa inevitável
força de amor regenerador.
Pares de pupilas naufragavam na mesma ilusão do pranto dolorido de antes,era
possível na dor espessa iluminar a vida de quem se ama?
Em uma corrente de torcida e medo mudo velada na dúvida de que o fardo
da desolação e da desesperança prevalecesse acabrunhando
as forças do velho.Olhos se fechavam e se abriam como relâmpagos
em flash irradiando a luz que nos força a não nos conformar com
a escuridão.
A incapacidade de uma nova tentativa para salvar o jovem se resumia e se conciliava
na possível explosão de energia dos olhos cravados na nuca do
velho.
O desejo de salvação era a pele que revestia aquele velho,era
omisso com palavras,e fortificado em dor vazia como se a tivesse conquistado
pelo clamor que move pessoas impotentes e fatigadas na inesperada colheita da
vida sempre tão barulhenta de soluços e lamentos.
Teve um fim,pouco a pouco o corpo cravado na parede pareceu exaurido e olhos
se fecharam ao baque das forças mortas.
Paciência,o jovem mesmo agonizante sobrevivera a força do velho!