A Garganta da Serpente
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Contos

(Maria Cruzeiro do Sul)

Um velho sadio em prantos beijou o rosto de um jovem agonizante.

Depois de um instante de soluços,ele se ergueu com as mãos espalmadas secou as lágrimas e como se limpasse uma superfície frágil escorreu as mãos sobre o rosto do jovem.Um momento longo de silêncio se fez e como um cego caminhou tateando,procurando ,talvez,aquele corpo inerte para um abraço,encontrou a parede branca e de braços abertos estendeu o corpo como a querer vazá-la.

Naquele desespero solitário parecia que ia transmutar numa inevitável força de amor regenerador.

Pares de pupilas naufragavam na mesma ilusão do pranto dolorido de antes,era possível na dor espessa iluminar a vida de quem se ama?

Em uma corrente de torcida e medo mudo velada na dúvida de que o fardo da desolação e da desesperança prevalecesse acabrunhando as forças do velho.Olhos se fechavam e se abriam como relâmpagos em flash irradiando a luz que nos força a não nos conformar com a escuridão.

A incapacidade de uma nova tentativa para salvar o jovem se resumia e se conciliava na possível explosão de energia dos olhos cravados na nuca do velho.

O desejo de salvação era a pele que revestia aquele velho,era omisso com palavras,e fortificado em dor vazia como se a tivesse conquistado pelo clamor que move pessoas impotentes e fatigadas na inesperada colheita da vida sempre tão barulhenta de soluços e lamentos.

Teve um fim,pouco a pouco o corpo cravado na parede pareceu exaurido e olhos se fecharam ao baque das forças mortas.

Paciência,o jovem mesmo agonizante sobrevivera a força do velho!

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