O tenente Eduardo mal teve tempo de digerir seu almoço, e já ouviu
o grito de um dos guardas: "Ela se enforcou, a maluca se suicidou!".
Correu para a área da cela especial e viu a Viúva Negra com sua
própria blusa envolta ao pescoço. Estava com o rosto completamente
arroxeado, uma visão horrenda. Ordenou que lhe tirassem de lá
e tomassem as providências necessárias.
A Viúva Negra era na verdade Maria Escolástica, e havia adquirido
esse apelido da polícia porque, como a aranha, assassinava seus amantes
logo depois de fazer sexo com eles. Mas não era só isso, havia
uma característica um tanto quanto peculiar nessa mulher: ela não
só matava os homens, mas também arrancava-lhes os testículos.
Era autora de treze homicídios e, segundo ela, havia uma razão
muito simples para tanto ódio e crueldade em relação ao
gênero masculino: tinha sido abandonada no dia de seu casamento, marcado
numa véspera de natal. O noivo fugira com a amante.
Afirmava que havia se inspirado na Revolução Cultural chinesa,
onde os testículos dos prisioneiros eram retirados, assados e comidos.
Mas garantia que não havia degustado nenhum dos seus.
Para prendê-la foram necessários meses de investigação
e paciência, pois a mulher era extremamente competente em não deixar
pistas ou testemunhas dos crimes. Quando fora capturada estava em uma lanchonete,
tranquila, fazendo sua refeição. Apesar de ter confessado
os crimes e mostrado onde ocultava os corpos - eram enterrados em um campo de
futebol abandonado -, não falava nem sob tortura onde estavam os testículos
das vítimas. Também se recusava a dizer qual era seu endereço,
o que logo fez a polícia acreditar que ela guardara os testículos
em casa.
Eduardo lamentava profundamente o suicídio, pois ela havia prometido
que revelaria o segredo do esconderijo apenas hoje, na véspera de natal.
O tenente não tinha nenhuma indicação concreta do paradeiro
dos testículos, e a curiosidade que o caso despertava fazia com que ele
quisesse cada vez mais saber a verdade.
Dando uma volta pela cela vazia, ele encontrou um cartão de natal no
chão, assinado pela Viúva Negra, que dizia o seguinte: "Vá
até minha casa, na rua Central, número 15, e descobrirá
tudo".
Chegando no local com sua equipe, Eduardo abriu a porta e adentrou a casa. Achou
mais um cartão, e este dizia assim: "Eis o presente de natal que
deixo para você e para todos os homens do mundo".
O tenente entrou na sala e lá estava o presente: uma árvore de
natal, enorme, toda enfeitada com testículos humanos.