A Garganta da Serpente
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Um anjo no presépio

(Maria José Zanini Tauil)

Confesso a vocês que sou um anjo comodista. Meu passatempo preferido é espreguiçar-me deitado nas nuvens, tirar floquinhos delas e jogar nos meus irmãos.

Havia um certo rebuliço no céu...diziam que ia nascer o filho do PAI. Que estranho, né?O filho do PAI ia nascer... não entendi nada! Melhor não entender mesmo! Se perguntar pode sobrar alguma coisa para eu fazer! No céu, tudo é motivo de festa e alegria.

Estava dormindo sobre a minha nuvem preferida quando um clarão despertou-me. Que susto, meu Deus! Meu coração estava quase saltando pela boca. Fiquei encolhidinho, com muito medo. Seria o apocalipse? Mais calmo, fui percebendo que era uma estrela gigante, nunca me vi tão iluminado! Ela ofuscava meus olhos e apontava para uma determinada direção.

Os anjos voavam leves como pássaros, para lá e para cá. O anjo Gabriel deu-me uma bronca pela roupa amarrotada e chamou-me para descer levando a harpa, pois nasceu o filho do Pai. (???)

Descemos sobre um estábulo. Os meus irmãos se espalhavam pelas imediações. Uns sobre árvores, outros no telheiro e outros no chão. Os animais pareciam estátuas. Todos virados para o lugar iluminado pela grande estrela.Estavam admirados e comportados.

Fui abrindo caminho para ver o que acontecia. Até hoje meu coração se acelera ao lembrar. Foi o momento mais bonito de toda a minha eternidade. Uma criança belíssima estava sobre uma manjedoura amaciada com palha e coberta com um pano branco. Era um menino; o mais lindo que já vi. Ele sorria com a boca e com os olhos. Sentada ao lado, uma linda jovem, que acariciava a mãozinha do bebê. De pé, um homem .Com uma das mãos ele acenava para que os pastores que chegavam não tivessem receio e que se aproximassem para ver o menino.Foi aí que descobri que aquela criança era um ser único, o Filho de Deus, nascido na Terra para salvar a humanidade.

Não posso nem consigo explicar a emoção que aquele cenário me proporcionou. Uma luminosidade diferente emanava daquele recanto. Aquelas pessoas tinham luz própria, eram a personificação da beleza, da ternura e do amor. Senti-me tão envolvido que nem percebi que desciam rios de lágrimas pelo meu rosto, mas era um choro emocionado, feliz, pelo privilégio daquela contemplação. Eu tinha vontade de cantar...cantar...meus irmãozinhos tiveram o mesmo pensamento, creio.Todos choravam e riam.

Os humildes pastores, ajoelhados, adoravam o menino. O boi e o burro se aproximaram mais para aquecê-lo, pois a noite apesar de linda, estava muito fria.Nossas vozes de anjos, harmoniosas, lançaram ao céu esse clamor: GLORIA IN EXCELSIS DEO "GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS E PAZ NA TERRA AOS HOMENS POR ELE AMADOS"

  • Publicado em: 24/12/2007
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