O quão pornográfica poderia ser nesta tarde de chuva. Tarde de
domingo, além de ser domingo é tarde e chove. Ah, minha angústia
que volta, meus desejos carnentos que me tomam. Paloma Negra para os ouvidos,
para a carne que quer gozar: os dedos, que percorrem em visões alucinadas
de corpos debatidos no chão...
Só; no quarto, enfeitando meus pensamentos de sexo ardoroso, de sexo
amoroso, não, só de sexo...pois o desejo agora é sexo.
As coxas já roçam em si, o clitóris intumescido e umedecido,
espera caliente algo a lhe tocar...Hum, mãos que vem e vão, leves
e desesperadas sob o comando das narinas que palpitam agora junto ao coração...Batimentos,
bati-mentos...
Um momento a percorrer o céu, lampejos diurnos, músculos contraídos
e traídos...
Voltei, a chuva passou, o corpo mole e feliz, agradecido pela hóstia
embebida dos choques do desejo.
A cabeça pende, um leve rosado na face, um cigarro a fumaça, agora
é ela que desenha seus anseios no ar...
(24/02/08)