A Garganta da Serpente
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O Poder de Lídia Campos

(Mario Torres)

Em seus vinte e oito anos, sua altivez era evidenciada mais pelos sete centímetros de salto que pelo seu metro e setenta e oito de silhueta. Mulher moderna, corpo delgado e pernas torneadas ainda que disfarçadas pela sisudez de seu tailleur.

Alguns homens suspiravam com seu passar, a outros causava medo tamanha independência e segurança.

Caso é que, Lídia Campos, executiva de primeira linha, comandava um verdadeiro exército de colaboradores. Seu sucesso aparecia em apresentações lúdicas nas salas de reunião que envolvia a cúpula volitiva das empresas do grupo. Números impressionantes tornavam sua trajetória profissional inquestionável. Mas como o ambiente de trabalho é perverso e mentalmente criativo, comentários aqui e ali apontavam paradigmas diferentes: "só vive para o trabalho"; "também, seu pessoal se mata de trabalhar"; "ta dando pra quem essa porra?".

Mas, Lídia Campos, além de inteligente e sexy, era muito elegante. Suas roupas eram justas sutilmente para despertar o desejo do inalcançável, caíam muito bem com a bolsa em seus ombros e mesmo seu smartphone era impecavelmente brilhante.

Apesar de todas essas virtudes, Lídia Campos maltratava. E maltratava todos os dias! Ao deixar seu carro no estacionamento da multinacional sueca diariamente, e muitas das vezes, até aos domingos e feriados, fincava com seu passos assertivos, firmes e rombudos nela, sua vítima! E a esta, só havia uma arma para se defender. Mas Lídia era imune, porque acima de seu nariz empinado, seus olhos nunca leriam o apelo "Favor não pisar na Grama".

(4/12/2009)

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