Em seus vinte e oito anos, sua altivez era evidenciada mais pelos sete centímetros
de salto que pelo seu metro e setenta e oito de silhueta. Mulher moderna, corpo
delgado e pernas torneadas ainda que disfarçadas pela sisudez de seu
tailleur.
Alguns homens suspiravam com seu passar, a outros causava medo tamanha independência
e segurança.
Caso é que, Lídia Campos, executiva de primeira linha, comandava
um verdadeiro exército de colaboradores. Seu sucesso aparecia em apresentações
lúdicas nas salas de reunião que envolvia a cúpula volitiva
das empresas do grupo. Números impressionantes tornavam sua trajetória
profissional inquestionável. Mas como o ambiente de trabalho é
perverso e mentalmente criativo, comentários aqui e ali apontavam paradigmas
diferentes: "só vive para o trabalho"; "também,
seu pessoal se mata de trabalhar"; "ta dando pra quem essa porra?".
Mas, Lídia Campos, além de inteligente e sexy, era muito elegante.
Suas roupas eram justas sutilmente para despertar o desejo do inalcançável,
caíam muito bem com a bolsa em seus ombros e mesmo seu smartphone era
impecavelmente brilhante.
Apesar de todas essas virtudes, Lídia Campos maltratava. E maltratava
todos os dias! Ao deixar seu carro no estacionamento da multinacional sueca
diariamente, e muitas das vezes, até aos domingos e feriados, fincava
com seu passos assertivos, firmes e rombudos nela, sua vítima! E a esta,
só havia uma arma para se defender. Mas Lídia era imune, porque
acima de seu nariz empinado, seus olhos nunca leriam o apelo "Favor não
pisar na Grama".
(4/12/2009)