A Garganta da Serpente
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

A sombra, o vento, o escuro e o menino

(Manoel Vicente da S. Neto)

A sombra vai se encolhendo esgueirando-se da luz que lhe feriam seus olhos castanhos, a luz lhe ardiam os olhos e os faziam pegar fogo, a luz em seu corpo era como chicotadas de uma penitência estranha e cruel.

A sombra ia de encontro a ele como uma velha amiga, como uma amante, uma eterna namorada.

O escuro era como um afago tenro e viscoso, um invólucro para protegê-lo da claridade das lâmpadas que iluminam nosso lado mais escuro.

O escuro era um descanso para seus olhos, ele não tinha medo, o escuro lhe era familiar como um pai que nunca teve.

Ele sabia que os fantasmas embaixo do assoalho eram ratos, sabia também que os estranhos ruídos vindos do quintal eram os gatos a revirar o lixo depois de terem voltado da boêmia e que o estranho assovio que batia na janela fazendo ressoar por toda casa em um eco ensurdecedor chamando seu nome era apenas o vento solitário procurando alguém pra conversar.

menu
Lista dos 2201 contos em ordem alfabética por:
Prenome do autor:
Título do conto:

Últimos contos inseridos:
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente
http://www.gargantadaserpente.com.br