Foi quando o menino saiu de casa para ir à escola. Era pra ser a mesma
costumeira ida, as mesmas ruas, mesmas casas e prédios. Mas ele olhou
pro céu e pôde avistar, protegendo os olhos do sol, as dádivas
efêmeras em seu ritmo rápido e lento (tão devagar aqui,
e num piscar de olhos, já estão acolá). Sim, dádivas
efêmeras da natureza, feito flocos de algodão doce a flutuar no
firmamento. Alvíssimas. O menino via um coelho, não não,
um coiote, mas pera, não seria uma baleia? Tantas formas faziam a imaginação
da criança ruflar as asas de excitação.
As nuvens o transportavam, faziam-lhe ascender lento com o seu passar, então
ele voava feito colibri. Elas carregavam seus sonhos, desejos e esperanças
para outras terras, não só os dele, de todos que depositavam seus
olhares tenros nelas, e assim, saturadas de sonhos elas choviam, e a chuva fecundava
a terra, que fazia brotar os sonhos materializados em flores; e também
da chuva, os sonhos se juntavam em rios que desaguavam no mar... que é
de todo resto. Foi então que o menino despertou do sonho acordado, e
percebeu que era um homem, mas o menino que gosta das nuvens sempre estaria
pulsando vivo em seu interior.