A Garganta da Serpente
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Ascensão às Avessas

(Pedro Paulo Garcia)

Adão andava abaçanado, airoso, até aonde, achava, ater-se-ia a alcunhar animais, alimentando-se, ainda. Aquilo andava arboreamente amainado; até Abel andava alegre. Adão amava a anterior Amélia, a autêntica. Amavam-se ainda afetuosamente. Apartada a angústia, a aflição, as ânsias... Amor, apenas. Arfavam amassando arbustos; agarrados, acolhidos, acalentados. Amanhecia, amavam, anoitecia, amavam. Alhures, aquele amor acometia-os: alogamia abençoada. "Ah, amada, apresente-se, aqui abrolhada... - ajuizava Adão - Ah! Anda ali."

Andava ainda aquele animal astuto. A alta árvore assombreando-os. Acontecia algo ali. Adão aproximou-se: "Amora? Aumentada. Abacate? Arroxeado. Açaí? Ah, Aquela! Animal abonador" - avaliou. Alcançou-os. Avistando-o, a Amélia anterior articulou: "Adão, amado, almeja alimentar-se? Aquele animal asseverou-nos avanços assombrosos..." "Apreciaria, amada. Antes, aproxime-se. Abracemos-nos. Ah... Agora."

Alimentados, assaltou-lhes a angustiante ascensão às avessas. Ali, a amargura acometeu-lhes. Andrajos arranjados: acometeu-os assaz acanhamento. Aparecia-lhes a aventura amarga: arranjar alimento. Ater-se-iam ao acre absinto, a apodrecidas alcachofras. Amaldiçoados, assemelhar-se-iam aos animais. Ah... Aquele? Arguto animal? Antes asqueroso antagonista.

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