A Garganta da Serpente
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Pequena Fábula

(Roberta Tostes Daniel)

Uma vez as almas da noite ficaram todas nuas, e o dia nasceu. Numa outra vez aconteceu das estrelas ficarem bêbadas e se jogarem das nuvens. Nesse dia descobriram a estrela do mar. Um louco bem louco e um lúcido triste certa feita se beijaram acometidos de um impulso demoníaco de crer Deus. Dessa vez não inventaram nada, mas houve poesia no coração dos dois e eles foram felizes. Cortaram uma árvore do coração de um homem. Isso calou para sempre um poeta. Um surdo sepultou seu silêncio: renasceu música. Curaram uma doença e alguém morreu. Trapos de um velho pano remendaram-se a metros daqui, cobrindo as vergonhas de um lobo que passeava com seu homem. Fotografado, meu corpo virou rocha. Muitos milênios passaram-se até que as águas de uma pedra furassem olhos nela, pra fazer caverna. No dia em que o sol não nasceu, minhocas dominaram o mundo.

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