Luzes trémulas como um rosário pontuavam o breu
  mais um dia.
  Um dia como outro qualquer, um dia por dentre os dias 
  a noite feita dia, dá lugar ao final da faina 
  ao tempo de dar graças à alvura da manhã do mundo.
  Era...
  era um dia como outro qualquer 
  como outro dia .
  -Um dia acontece...
  acontece.
  Aconteceu na minha vida como se nada mais, alguma vez tivesse acontecido.
  Por detrás do mar, não existe nada, nada senão nada 
  não como uma porta fechada, não 
  mas uma parede!
  Parede, que ainda numa nesga de dia vê o seu caiado devorado 
  lamento:
  Desse espartilho de dor, os ventos correm em matilha 
  revolvem areias, como matutinos amarelecidos estrelejando 
  ventava!
  um bafo húmido que sibilava pela silenciosa planura lagunar 
  alguns nacos refractados de luz nos rostos crestados
  órbitas cavadas, a erosão nas mãos feitas concha 
  mãos em concha em noites de meia-lua.
  A praia tornara-se repositório de passos murmurados, duns 
  debruados aqui e ali nos passos difusos, doutros
  era só o tempo de lavar os olhos 
  no canto arquejado das gaivotas lúzidias 
  nesta porção de real, areal incandescente
  imemorial...
  Insondável,a aspereza das àguas, anterior ao antigamente 
  reclamava-se também albergue do caudal infinito 
  de gotículas de salitre incessante, de ar rarefeito e lágrimas 
  colhidas da surpresa.
  " - levou-os todos "
  Como um suor frio, nem tempo houve para uma benção
  os olhos ardiam - afaga esta ferida solar -e um céu que chorou durante 
  dias ...
  O mundo como ela o conhecia, acabara, agora era o nada, e o nada expandira-se 
  por dentre sono e sonho.
  Um mero escolho no nada, um estremecimento breve, que do nada, ele voltasse 
  para casa, para casa dela.
  sequiosa bebia as próprias lágrimas, alimentava-se de seixos limados 
  pelo mar, quando esfaimada.
  Tornou-se um pássaro de mau agoiro, tingido de negro um poeta maldito, 
  um peixe de água profunda
  e de repente o nada, de novo o nada, como veludo, o luto tornou-se confortável, 
  cessou tudo.
  Era um dia como outro qualquer, em que a ferida outrora ruborizada;sarara
  era um dia como outro qualquer, nesse dia recordei que tinhas sido tudo 
  que aconteceras na minha vida, e que a dor de te perder era grande 
  mas não tão grande que me levasse a perder no nada.