A Garganta da Serpente
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Sobre duas rodas

(Teresa Dávila Malta)

Quando a vi pela primeira vez, meus olhos alcançaram um brilho jamais visto por um outro ser. Era linda, e eu mal sabia que ela iria fazer parte da minha vida por inteiro. Ganhei uma bicicleta, e por mais que os dias passassem, ela era minha sombra, minha metade, minha alma... e por mais que eu crescesse, ela crescia comigo, viajava em meus sonhos, uma companheira fiel. Estava sempre comigo, em dias de sol e chuva, verão ou outono.

Mas um dia levei um tombo, fiquei ferido e triste, e lembro que a deixei ali, jogada ao chão, esperando que eu a levantasse. Mas meu coração de menino não quis perdoar, estava machucado profundamente e, minuciosamente, as lágrimas ao rosto caíam.

Depois que o pranto parou, levantei minha bicicleta e segui rumo ao meu destino. Hoje já velho e cansado, percebi como aquele tombo me fez vê que a vida era cheia de tombos e, andávamos sempre para frente, seja qual for a direção.

E com minha bicicleta pude ver que ela fora meu instrumento de alegria na infância, onde os freios foram muitas vezes alerta, onde a velocidade nem sempre era o melhor resultado, e onde mal ela sabia que me ensinava a viver sobre duas rodas.

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